Fisioterapia Uroginecológica

Incontinência urinária é a queixa de qualquer vazamento involuntário de urina. É um problema de saúde mundial, que atinge 10,7% de mulheres só no Brasil. Esse vazamento de urina poderá ocorrer mediante esforços como tossir, espirrar, rir, levantar peso ou quando existe uma vontade intensa de urinar sem condições de controle, acarretando perca de algumas gotas até grandes quantidades de urina. Poderá ser tratada por cirurgia, medicamentos, fisioterapia ou combinados.

O tratamento da incontinência urinária começa com o seu diagnóstico adequado e a avaliação dos fatores precipitantes. Como medida profilática, toda mulher deve ser estimulada desde jovem a fazer das contrações do assoalho pélvico um hábito diário, e nunca é tarde demais para começar. Depois disso, as opções são as cirurgias ou as fisioterapias, de acordo com a natureza e a gravidade do estado e preferências do médico e da paciente. As formas de tratamento não cirúrgico da incontinência urinária têm sido estudadas desde há muito tempo. Dessa for­ma, o tratamento fisioterapeutico tem se tornado um importante fator contribuinte para melhora ou cura da perda da urina. Dentre os recursos usados pela fisioterapia, citam-se a cinesioterapia (exercícios de contração da musculatura), cones vaginais, eletroestimulação, biofeedback, terapia comportamental.

O cone vaginal é uma forma de oferecer resistência à musculatura do assoalho pélvico e pode ser utilizado durante a realização de diversos exercícios cinesioterápicos e caminhadas. A utilização do cone estimula as contrações voluntárias e involuntárias dos músculos elevadores do ânus. O cone introduzido no canal vaginal tende a deslizar, e essa sensação de perda proporciona um vigoroso biofeedback tátil e cinestésico, levando o assoalho pélvico a se contrair de forma reflexa na tentativa de retê-lo. Os cones vaginais levam a bons resulta­dos porque, além de fortalecer os músculos do assoalho pélvico pela resistência, promovem propriocepção, aumentando, assim, a motivação, e evitam contrações excessivas indesejáveis de abdominais e glúteos.

A estimulação elétrica é um meio utilizado para propiciar a contração passiva da musculatura perineal. Pode ser realizada por meio de eletrodos endovaginais e/ou retais conectados a um gerador de impulsos elétricos, os quais promovem a contração perineal.

O biofeedback é definido como um equipamento utilizado para mensurar efeitos fisiológicos internos ou condições físicas das quais o indivíduo não tem conhecimento. Fornece uma informação imediata ao paciente para, posteriormente, levá-lo a um controle voluntário dessas funções. Considerando que muitas mulheres não têm propriocepção da sua região urogenital e são incapazes de contrair voluntariamente seus músculos do assoalho pélvico, o biofeedback é um método eficaz na reeducação dessa região e, também, no fortalecimento desses músculos, uma vez que fornece parâmetros de uma contração máxima. O biofeedback auxilia o paciente a se auto conhecer e a desenvolver o controle voluntário de suas contrações do assoalho pélvico.

A terapia comportamental é uma associação de técnicas cuja base é a idéia de que pacientes com incontinência urinária podem ser educados sobre a patologia e podem desenvolver estratégias para minimizar ou eliminar a incontinência. Entre as principais técnicas citam-se o treinamento vesical, a ingesta hídrica, a educação sobre o trato urinário inferior e suas patologias e a cinesioterapia.

Nos tratamentos cirúrgicos, a fisioterapia poderá ser realizada no pré-operatório com objetivo de promover melhora na recuperação da paciente e no pós-operatório, mantendo e melhorando os resultados obtidos. Prevenir a incontinência urinária é promover a melhora na qualidade de vida das pacientes, evitando exclusão da sociedade e reclusão em ambiente familiar.



O tratamento da incontinência urinária deve ser realizado por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar. A fisioterapia pode atuar tanto no pré como no pós-operatório, contribuindo para os resultados cirúrgicos obtidos e, assim, mantendo o paciente continente e melhorando a sua qualidade de vida.

Incontinência fecal é geralmente definida como perda involuntária de fezes sólidas e líquidas, enquanto o termo incontinência anal inclui a perda involuntária de flatos, associada ou não a perda de fezes. A incontinência fecal é mais freqüente na população feminina, tornando-se mais prevalente com o aumento da idade. A incontinência anal é manifestação crescente, em incidência a partir dos 40 anos. De maneira geral, há muita dificuldade para o paciente expressar seus sintomas e, com freqüência, afastam-se do convívio social, do relacionamento com o parceiro e, habitualmente, sofrem de depressão.

A disfunção sexual é a alteração de uma das fases do ciclo da resposta sexual, que é dividida em desejo, excitação e orgasmo. Nas mulheres, as disfunções mais comuns são a inibição do desejo, a anorgasmia (ausência do orgasmo), a dispareunia (dor no momento da relação sexual) e o vaginismo (contração involuntária da vagina, que evita a penetração). Nos homens, os principais problemas são ejaculação precoce e disfunção erétil (incapacidade permanente de iniciar, manter e concluir o ato sexual de forma satisfatória, afetando a ereção).

Um tratamento relativamente novo no Brasil chamado de fisioterapia uroginecológica surge como uma alternativa nesses casos e, segundo os profissionais, tem excelentes resultados. O tratamento já existe na Europa há mais de 20 anos. No Brasil, a fisiosexologia surgiu há pouco tempo.

As disfunções sexuais são as perturbações nos processos que caracterizam o ciclo de resposta sexual ou dor associada ao intercurso sexual. No Brasil 50,9% da população referem alguma disfunção sexual. Tem origem orgânica, psíquico e sócio-cultural. A fisioterapia irá atuar apenas nas disfunções de origem orgânicas. A fisioterapia nestes casos utiliza-se de técnicas preventivas (estimulação elétrica, biofeedback, cinesioterapia), de conscientização corporal, treinamento vesical e esfincteriano e fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico (períneo).

O tratamento é feito com exercícios e aparelhos específicos que devolvem o controle da musculatura da região da pelve e são eficientes tanto para o homem quanto para a mulher. São exercícios que fortalecem e relaxam. É importante lembrar que o tratamento terá bons resultados caso a disfunção sexual não seja de origem psicológica.