BIOFEEDBACK RESPIRATÓRIO

DEFINIÇÃO

De acordo com CRIMER e col (1993) citado por SCORALICK (2002), Biofeedback é um processo de retroalimentação, através de " uma técnica desenvolvida com o propósito de revelar aos seres humanos alguns dos seus eventos fisiológicos internos normais ou anormais mediante a amplificação e exibição de sinais visuais e auditivos de modo a ensiná-los a manipular esses eventos em benefício terapêutico" (AZEREDO, 2002),


COMO É FEITO

Pode ser feito, segundo SCORALICK (2002), através do monitor de mecânica ventilatória específico (Ventrak) ou simplesmente com o uso de telas de monitorização ventilatória presentes nos respiradores microprocessados. Nestas telas, pode-se verificar gráficos de volume corrente.

CHAVES (2002) relata que através do biofeedback respiratório obtém-se controle do tipo de respiração (toráxica/diafragmática) e da freqüência respiratória.


PRINCIPAIS CORRELAÇÕES

Esta técnica coadjuvante para o emprego de técnicas de fisioterapia respiratória tem relação direta, segundo AZEREDO (2002):

* Com a freqüência respiratória;
* Saturação de oxigênio;
* Fração expirada de dióxido de carbono;
* Volume corrente;
* Fluxos respiratórios;
* Movimentos do tórax;
* Movimentos do abdome.


PRINCIPAIS FINALIDADES

AZEREDO (2002) relata que o emprego sistemático de qualquer tipo de biofeedback respiratório pode ajudar os pacientes a melhorar sua performance de treinamento, adquirindo assim conhecimentos fisiológicos e autoconfiança para um melhor controle de sua respiração voluntária por períodos de tempo mais prolongados, aumentando a capacidade ventilatória ou a endurance dos músculos respiratórios.

Na visão da fisioterapia convencional, o biofeedback respiratório atua na melhora da performance motora, facilitando a aprendizagem e buscando novas vias de recrutamento muscular.


BIOFEEDBACK RESPIRATÓRIO X DESMAME

CORSON in SCORALICK (2002) enfoca o biofeedback no desmame da ventilação mecânica por determinar o treinamento de endurance dos músculos ventilatórios.

O protocolo consiste em iniciar a ventilação mecânica com modo espontâneo, assim que o paciente sai da fase crítica de disautonomia. O paciente é colocado em Ventilação Assistida ( que tem como vantagem backup para modo controlado) ou quando o déficit é pouco significativo, a opção é o Pressão Suporte Ventilatório (PSV) de imediato.

O treinamento consiste em o paciente reproduzir uma ventilação voluntária máxima ( volume corrente em torno de 7ml/kg) adaptado ao ventilador em PSV 8 - 6 cmH2O. Isto será incrementado com visualização por parte do paciente da curva de volume/tempo, associado ao incentivo auditivo dado pelo fisioterapeuta para manutenção da ventilação com o volume determinado. O trabalho deve ser realizado em intervalos de tempo crescentes, iniciando com 5 minutos e aumentando sem que haja sinais de fadiga. A tolerância é avaliada pela freqüência respiratória de repouso e atividade da musculatura acessória palpando o esternocleidomastoideo. Quando alcançado 2 horas em PSV de 6 cmH2O , o paciente poderá ser extubado ou mantido fora de prótese se traqueostomizado (id).

AZEREDO (2002) complementa que somente cerca de 7 % dos pacientes que são submetidos na terapia intensiva ao procedimento de ventilação mecânica controlada podem apresentar dificuldades no desmame do ventilador. É o mesmo que dizer que em cada 100 pacientes submetidos à ventilação mecânica, apenas sete podem apresentar uma condição clínica que evidencie uma possibilidade de desmame difícil, lento e, para alguns pacientes, até impossível.

Neste percentual estão incluídos aqueles pacientes que, por problemas clínicos mais específicos, como por exemplo os portadores de uma patologia neuromuscular, os portadores de uma patologia restritiva — principalmente a obesidade — e por último os portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica, apresentam maior complicação ou dificuldades em serem desmamados do ventilador mecânico. Em geral, estes demandam um maior tempo para serem definitivamente desmamados. Esta taxa pode ser aumentada para algo próximo de 28% se levar em consideração o tempo de permanência do paciente em ventilação mecânica até que seja possível desmama-lo do ventilador. (id)

Há uma série de problemas clínicos que podem estar correlacionados com uma maior dificuldade em desmamar os pacientes, dentre eles:

* Dependência psíquica;
* Alterações metabólicas;
* Disfunções musculares respiratórias;
* Efeitos da hiperventilação no centro medular;
* Drive neural.

Estes fatores citados acima têm uma relação direta com a demanda ventilatória (relacionada com drive neural, metabolismo e espaço morto) e capacidade ventilatória (relacionada com drive neural, força muscular e endurance respiratória) (id).


TIPOS DE SISTEMAS EMPREGADOS

De acordo com AZEREDO (2002), os tipos mais comuns, são, do mais simples ao mais complexo:

* Oximetria de pulso: reflete a oxigenação, feita através de quatro variáveis (SpO2, pulso, freqüência respiratória e tendências);
* Detecção dos movimentos toracoabdominais: utilizados principalmente para treinamento dos pacientes submetidos à ventilação mecânica controlada. Os equipamentos utilizados permitem uma boa avaliação dos padrões de respiração seletivas no tórax e abdome. Detecta principalmente alterações como caixa torácica paradoxal, paradoxismo abdominal e respiração alternada.
* Integração volume corrente/ tempo;
* Integração fluxo/tempo;
* Miofeedback respiratório invasivo;
* Miofeedback respiratório não-invasivo;
* Capnografia;
* CDBR.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEREDO, C.A.C..Fisioterapia Respiratória Moderna. 4ed. São Paulo: Manole, 2002.

CHAVES, J.. Disponível em :http://www.epub.org.br/cm/n04/tecnologia/biofeed.htm. Data de acesso: 10/05/02.

SCORALICK, Z. Tetraplegia na terapia intensiva. Disponível em: http://geocities.yahoo.com.br/fisioterapiabsb/e016.htm Data de acesso: 10/05/02.