Intervenção Fisioterapêutica nas Úlceras de Pressão

RESUMO

A fisioterapia vem conquistando mais um campo de atuação com a utilização terapêutica de suas técnicas nas áreas de cicatrização tecidual como forma curativa e preventiva de lesões. O diagnóstico dos tipos de úlceras epidérmicas pode ser por diabetes, muitos outros por estase venosa, arterial. A ulceração epidérmica resulta da falta de alívio, compressão ou longo período no leito sem contar com as úlceras secundárias ao procedimento cirúrgico que não cicatrizam por evolução normal.

PALAVRAS-CHAVE: ÚLCERAS – PREVENÇÃO – TRATAMENTO FISIOTERAPEÚTICO.


Introdução

As úlceras de pressão, ou escaras, têm sido definidas como lesão dos tecidos desprovidos de nutrição, provocadas por prolongadas e repetidas pressões contra a superfície do colchão, cadeira ou imobilização gessada. Podem ocorrer em qualquer parte do corpo, sendo mais freqüentes nas regiões com proeminências ósseas. Quando em posição supina, atinge a região sacral, a região coccígea, a região escapular, calcâneo, trocânter, maléolo, cotovelo e; em pronação dos joelhos e tórax, até mesmo entre duas superfícies do próprio corpo em contato, como nas axilas e nos seios. A úlcera visível não revela a extensão real da lesão no tecido, pois cria-se uma úlcera em forma de cone, onde a parte mais larga fica próxima ao osso e, a mais estreita na superfície do corpo.

A incidência é mais comum entre os idosos (75% em pessoas com mais de 70 anos) e, em pessoas com problemas sistêmicos, podendo ocorrer em qualquer idade e sem preferência de sexo. Há uma combinação de fatores que contribuem ou desencadeiam a formação de úlceras, destacando-se: idade avançada, pressão prolongada, imobilidade ou mobilidade comprometida, pele seca, edema, perda sensório-motora, má-nutrição, entre outras que aumentam o risco.

A identificação dos riscos que desenvolvem as úlceras permitem estabelecer medidas preventivas e impedem medidas incorretas no tratamento , reduzindo a incidência do problema. Os primeiros sinais de úlceras são: eritema, hipersensibilidade da região e até mesmo ulceração de sede profunda que expõe o osso subjacente. O paciente poderá relatar dor se as terminações nervosas sensoriais não foram destruídas. A ferida causada torna-se uma porta de entrada de veículos infecciosos que, se não for convenientemente tratada, facilmente poderá evoluir para uma infecção sistêmica.


1 - Classificação dos tipos de úlceras

Existem várias causas para as úlceras. A mais comuns são: as doenças venosas, arteriais ou uma combinação das duas, nesse caso, as úlceras são chamadas de úlceras mistas. Uma outra causa comum é o diabetes. A etiologia de cada uma será mencionada:

1.1 – Úlceras Arteriais

Conhecidas como úlceras isquêmicas, são decorrentes de insuficiência arterial, atingindo geralmente pacientes com idade acima de 50 anos. A insuficiência arterial resulta, geralmente, de oclusões de vasos principais, em situações como vasculite, arteriosclerose e trombose. O suprimento sangüíneo cutâneo não é adequado para manter a demanda do metabolismo tissular local, resultando em interrupção da superfície cutânea (gravura 1; do anexo). É mais comum no sexo masculino e em indivíduos fumantes com alteração nutricional.

Estas úlceras, freqüentemente, envolvem a área pré-tibial, dorso de artelhos e pé, sendo mais dolorosas que as venosas. A elevação do membro agrava a dor das úlceras isquêmicas por ação da força da gravidade contra o fluxo arterial. Posições ortostáticas e caminhadas diminuem o desconforto, porém podem causar claudicação intermitente. A úlcera pode ocorrer em qualquer lugar da perna ou pé, mas a maioria delas localiza-se no pé ( gravura 15).

A úlcera pode ter aparência de um furo e pode ser profunda, envolvendo músculos ou tendões, geralmente, apresenta necrose e muito menor exsudados do que nas úlceras venosas. As úlceras arteriais são conhecidas como de difícil cicatrização, correndo o risco de evoluir para uma gangrena e até uma septicemia. (Dealey, 1996, p.111)

1.2 – Úlceras Venosas

As úlceras venosas decorrem da interação do inadequado suprimento vascular do membro inferior e da força da gravidade, causando com isso uma incapacidade das veias em movimentar o sangue corporal de volta ao coração, contra a força da gravidade. Isto se deve à dificuldade de ação dos três sistemas venosos (profundo, superficial e comunicante) e, suas respectivas valvas semilunares.

Quando as valvas nas veias comunicantes se tornam pouco úteis, o fluxo sangüíneo abaixo das mesmas reflete de volta ao sistema superficial criando a "hipertensão nervosa", que traumatiza o tecido mole, em decorrência do fluxo turbulento. Esta situação hipertensiva manifesta-se comumente na região da articulação do tornozelo, onde a pressão hidrostática no tecido aumenta, desencadeando vasocontricção reflexa, a qual promove uma diminuição da perfusão tissular, podendo evoluir para isquemia epidérmica.

Normalmente, as úlceras venosas se encontram na altura dos maléolos mediais, tendem a ser superficiais e desenvolve-se lentamente durante um certo período de tempo (gravura 14). A dor é moderada, piorando em posição ortostática e melhorando com elevação do membro.(Dealey,1996,p103)

1.3 – Úlceras Diabéticas

A maioria das úlceras diabéticas decorrem da combinação da situação de isquemia e neuropatia periférica, estando sempre uma das duas prevalecendo. A infecção é um risco que está sempre presente para os diabéticos, e pode exacerbar o desenvolvimento da ulceração e aumentar o risco de amputação. A neuropatia periférica afeta os nervos periféricos sensoriais, motores e autônomos.

As úlceras típicas de neuropatia ocorrem na superfície plantar do pé, em áreas de pressão máxima (gravura 16). Normalmente, apresenta-se profundas e infectadas. Comumente a úlcera em si não dói, entretanto o paciente refere sensação de queimação, parestesia na extremidade, ausência de sensação térmica, tátil superficial, profunda e propriocepção.(Dealey, 1996,p112).

1.4 – Úlceras Mistas

São úlceras que apresentam componentes arteriais e venosos. Sendo importante definir o fator predominante para realização de tratamento adequado. (DEALY, 1996, p. 112).


2 – FASES DA ÚLCERA DE PRESSÃO

São divididos em quatro etapas:

Fase I - Pele intacta com eritema. O rubor permanece 15 minutos ou mais após o alívio da pressão na pele. Pode ser dolorido (gravura 10).

Fase II – Lesão parcial da pele envolvendo a epiderme e/ ou derme. A úlcera é superficial, apresenta pele hiperemiada com presença de bolhas que podem ou não estar rompidas. É dolorido (gravura 11).

Fase III – Ferida com lesão total da pele envolvendo a epiderme, a derme e a camada subcuticular. A úlcera apresenta-se como cratera, geralmente com exsudados, podendo estar presente tecido necrótico. Geralmente não é dolorido (gravura 12).

Fase IV – Perda significativa da pele, com extensa destruição e necrose do tecido celular subcutâneo ou lesão de músculos, tendões e ossos (gravura 13).

A úlcera apresenta-se profunda, com exsudados e infecção, geralmente não é dolorido. (Knobel, 1999, p. 1580)


3 - Processo de Cicatrização das Úlceras

O processo de cicatrização é a resposta dinâmica e imediata do organismo a uma lesão, com o intuito de restaurar a característica anatômica, estrutural e funcional do tecido.

Identifica-se três fases consecutivas no processo de cicatrização:

3.1 - Fase Inflamatória ou Inicial

Tem início logo após o trauma, caracterizada por vasodilatação e diminuição do fluxo sangüíneo, independente do tecido agredido. Como conseqüência, no local da ferida forma-se um exsudado que é traduzido por tumor, turgor, rubor e dor. Causando nesta fase uma resposta vascular celular. As células endoteliais se retraem e perdem suas conexões com as vizinhas levando a um aumento da permeabilidade vascular, permitindo a passagem de elementos sangüíneos para a ferida. Fatores subendoteliais são expostos a uma superfície em que as plaquetas se aderem e agregam-se formando um coágulo, elemento crítico para a cicatrização por levar a hemostasia, auxiliar na coaptação das bordas lesadas e na formação de uma matriz, na qual fibroblastos e células endoteliais podem chegar. Inicialmente, a solução de continuidade é preenchida por sangue coagulado, fibrina e exsudado inflamatório. Sobre esse suporte os fibroblastos e o endotélio neoformado edificam o tecido de granulação. (Couto, Pedrosa, Nogueira, 1999, p.436)

3.2 - Fase de Fibroplasia ou Proliferativa

Nesta fase ocorre a formação do chamado tecido de granulação e sua principal característica é a presença do fibroblasto, por volta do segundo ou terceiro dia após o trauma que produzem matriz extracelular, colágeno e glicosaminoglicans, participando da remodelação do tecido normal e no processo de reparação e, também, estão relacionados com o mecanismo de reabsorção do colágeno.

Os fibroblastos, após ingressarem na ferida produzem colágeno e fibronectina . O crescimento dos fibroblastos é estimulado por baixa oxigenação e movimentam-se na ferida ao longo da matriz extracelular.

A hipóxia e a diminuição do PH no centro da lesão leva a um processo de angiogênese, ou seja, formação de novos vasos. A neoformação vascular causa aumento do fluxo sangüíneo, causando oxigenação tecidual e nutrição da ferida, cessando, portanto, a produção angiogênica pelos macrófagos. Desta maneira, formam-se brotos endoteliais cujas células multiplicam-se em grande velocidade formando cordões sólidos que se intermeiam com os fibroblastos. Em seguida, os cordões endoteliais canalizam-se, permitindo o fluxo sangüíneo e a formação do tecido de granulação (gravura 4).

Quando a ferida está repleta de tecido de granulação ocorre a contração do ferimento pela presença de fibroblastos que se agregam à margem do ferimento, causando uma aproximação das bordas da ferida de tal forma que a área do ferimento é reduzida.

No final do processo proliferativo ocorrerá a epitelização, desencadeando células epiteliais que se multiplicam e migram ao longo do tecido de granulação, formando uma camada contínua de células que fecham o ferimento. (Couto, Pedrosa, Nogueira, 1999, p.436)

3.3 - Fase de Maturação ou Remodelação

A remodelação inicia-se na formação do tecido de granulação e continua progressivamente por meses após ocorrer a reepitelização. Nesta fase ocorre uma diminuição progressiva dos vasos de neoformação, bem como dos elementos celulares, inclusive fibroblastos (gravura 5).

A diminuição de todos os elementos do tecido conjuntivo ocorre de maneira progressiva até a formação da cicatriz definitiva, constituída apenas por fibras colágenas.

O processo de remodelação é lento; a força tensil que depende basicamente do colágeno leva tempo para se desenvolver. Duas semanas após a lesão a cicatriz é frágil, tem 5% da força tensil normal, esta aumenta progressivamente até um ano (gravura 6 e 7). A força original do tecido jamais será recuperada, chegando no máximo a 80% da força tensil normal.(Couto, Pedrosa,Nogueira,1999,p.436).


4 - Medidas Preventivas nas Úlceras de Pressão

A prevenção representa uma das considerações mais importantes na assistência prestada ao paciente. O primeiro passo para qualquer medida preventiva das úlceras é a impressão detalhada da pele, principalmente dos pontos que sofrem maior pressão, observando-se a coloração da pele, sua textura, palidez, temperatura e, se a pele está seca, úmida ou fissurada (gravura 2 e3).

Nos casos de pacientes em leitos, o cuidado deve ser redobrado, os lençóis devem estar extremamente alisados, evitando-se que as pregas tão comuns lesem os tecidos do paciente. É necessário manipular delicadamente, evitando "tracionar" a pele. Acessórios e unhas compridas podem causar escoriações que, mesmo pequenas, facilitam o desenvolvimento de lesões.(Fernandes, Filho,2000,p.619).

A mudança de decúbito na maioria dos doentes é suficiente para evitar úlceras por compressão, que tem como objetivo prevenir contraturas, estimular a circulação e aliviar a pressão sobre determinada área. A posição do paciente deve ser modificada a cada duas ou três horas, seguindo uma rotatividade programada para evitar a lesão da área de risco. (Dealey, 1996, p. 102-116).

Paciente acamado: colocá-lo em decúbito dorsal, decúbito lateral e decúbito ventral.

Paciente sentado: levantar-se da poltrona durante alguns segundos, de hora em hora. Caso o paciente consiga movimentar-se sozinho, convidá-lo a fazê-lo a cada 15 minutos.

Existe uma grande variedade de produtos no mercado, que ajuda a diminuir a pressão nos pontos de apoio. Utilizam-se como complemento das mudanças posturais.

Almofadas e coxins de diferentes tamanhos e materiais (espuma, algodão, silicone).

Pele artificial de ovelha: diminui a pressão, fricção e a umidade, sendo ainda de fácil lavagem.

Colchões de água: redistribuem o peso por toda a superfície do corpo.

Colchões de ar com pressão alternada: são compostos de uma série de câmaras pneumáticas que se enchem e esvaziam alternadamente por meio de um motor, modificando assim os pontos de pressão contra a cama.

Colchão de espuma. (Campedelli, 1987, p.15-30)


5 - Modalidades Fisioterapêuticas no Tratamento das Úlceras

5.1 - Massagem

A massagem nas bordas de úlceras é essencial para reaver mobilidade e reter flexibilidade, durante a cicatrização da úlcera, causando uma cicatriz livre e bem vascularizada.

A técnica é de rolamento destas estruturas entre o polegar e dedos levemente colocados. Isto pode ser extremamente doloroso e não deve ser continuado por mais de dois ou três minutos num só lugar. O movimento deve ser alternado com o amassamento. Estas manipulações podem ser vantajosas precedidas por tratamento curto por ultra-som.(Guimarães, Rodrigues,1998,p.108)

5.2 - Infra-vermelho

A radiação do infra-vermelho atinge uma superfície, provoca sensação de calor, surgindo eritema imediato e desaparece com o término da terapia. No organismo seu efeito causa uma elevação da temperatura, resultando em um aumento da atividade metabólica no tecido superficial, aumento do fluxo sangüíneo na circulação cutânea e um aumento das fibras elásticas na parte superior da derme, favorecendo o processo de divisão celular (mitose) e acelerando com isso o processo de cicatrização.

O paciente deverá ser bem posicionado numa posição confortável e que a área atingida esteja descoberta e limpa. O infra-vermelho deve ser posicionado diretamente a uma distância de aproximadamente 50 cm da lesão, durante 10 a 15 minutos respeitando a sensibilidade do paciente. Sendo necessário que se faça três vezes ao dia.(Guimarães, Rodrigues, 1998, p.112)

5.3 - Crioterapia

A atuação da crioterapia se dá pela diminuição da temperatura dos tecidos com finalidade terapêutica para crescimento de novos tecidos. As úlceras provocam edema e hipóxia secundária resultante das alterações metabólicas que ocorrem após o trauma e da quantidade insuficiente de oxigênio liberado no tecido, com o decorrer do tempo surgirá uma acidose, liberando enzimas lisossômicas, provocando morte celular e conseqüentemente aumento do tecido lesado.

A utilização do gelo nas úlceras causam uma vasoconstricção e uma diminuição do metabolismo tecidual com isso menos dejetos são acumulados e dificultam o extravasamento ocasionando a aceleração do processo de reparação.(Guimarães, Rodrigues,1998,p.110)

5.4 - Ultra-som

O ultra-som tem sido usado para promover a cura da úlcera de pressão e no estimulo da produção do tecido de granulação, atuando como um acelerador do processo inflamatório.

Os efeitos do ultra-som na cicatrização de úlceras se dividem em três fases. Na fase inflamatória, o ultra-som acelera a proliferação da fase fibroblástica, aumenta a circulação sangüínea local, diminui o tempo da fase inflamatória.

Na fase de proliferação celular, contribui para o aumento da angiogênese, estimula a síntese do material da matriz extra-celular, acelerando com isso a contração da ferida e aumenta a formação fibroblástica.

O ultra-som participa da fase de remodelação estimulando a liberação de fatores necessários para o favorecimento da epitelização, aumenta a elasticidade e estimula a disposição das fibras de colágeno.

Obtêm-se resultados mais adequados com a freqüência de 1 mhz sobre as diversas fases do processo inflamatório. Porém, é necessário que o fisioterapeuta estabeleça parâmetros para o uso do ultra-som como verificar o tipo de ferida, profundidade, duração de tratamento, área a ser tratada, indicações e contra-indicações.(Souza, 1998, p.10-11).

5.5 - Cinesioterapia

A prescrição dos exercícios terapêuticos correlaciona-se diretamente com as condições circulatórias e limitações físicas, isto é, dor, dificuldade ou impossibilidade da marcha, fraqueza muscular, dependências em atividades da vida diária.

A programação cinesioterapia deve ser feita de modo adequado e progressivo com constante avaliação do membro submetido ao esforço. Deve-se respeitar a tolerância do indivíduo aos exercícios. (Thomson, Skinner, Piercy, 1994, p. 282-284).

Os trabalhos introduzidos são os exercícios ativos, isto é, aqueles feitos pelo próprio indivíduo, ou os exercícios ativo-resistidos, em que o indivíduo precisa vencer uma resistência oposta ao seu movimento, são os mais eficazes no aumento da circulação de um membro. Quando os pacientes não os conseguem executar, ou porque se encontram acamados ou porque têm fraqueza generalizado, o fisioterapeuta deve iniciar o tratamento cinesioterápico, mobilizando o membro acometido com movimentos passivos.

Os membros não acometidos também precisam ser mobilizados ativamente e muitas vezes fortalecidos principalmente quando objetiva o uso de meios de auxiliares de deambulação. A mancha necessita ser estimulada assim que o paciente apresentar condições musculares e gerais.

A deambulação ativa ou assistida consiste num método fisiológico e terapêutico para melhora da circulação periférica.(Guimarães, Rodrigues ,1998, p.107)


6 - TRATAMENTO MÉDICO NAS ÚLCERAS

6.1 - Açúcar e Mel

Substâncias que contém açúcar vêm sendo usadas, há vários anos, no tratamento de lesões de pele, com excelentes resultados clínicos.

O açúcar é composto de 89.5% de sacarose, 76% de glicose, vitamina B2 e B6, ácido Pantozênico e ácido Nicotínico. Utiliza-se nas feridas infectadas ou não, sendo usado o açúcar do tipo cristal ou em pasta, apesar de não existir pesquisas sistematizadas sobre o assunto; pressupõe-se que a ação do açúcar encontra-se na interação da glicose com o exsudato da ferida, produzindo uma substância hiperosmolar que possui poder bactericida ou bactério estático, inibindo o crescimento de bactérias. (Fernandes, Fernandes, Filho, 2000, p.1006)

O uso do açúcar deve ser criterioso, com relação a freqüência de troca do curativo, a cada seis ou oito horas até que as feridas não sejam mais secretantes, aumentando-se o intervalo de troca para cada 12 horas. (Couto, Pedrosa, Nogueira, 1999, p. 441).

6.2 - Hidrocolóide

É um curativo hidroativo, do tipo oclusivo, moldável, constituído por duas camadas diferentes, sendo a parte externa composta por uma lâmina de espuma de poliuretano ou filme transparente, atuando como barreira oclusiva para gases, líquidos e bactérias, proporcionando proteção mecânica à ferida e a interna, formada por polímeros elastoméricos, contendo três hidrocolóides (gelatina, pectina e carboximetilcelulose sódica) que, ao entrar em contato com o exsudato da ferida, absorve e converte a estrutura em gel. Este gel desprende-se da lesão sem causar dano ao tecido de granulação e sua presença cria um meio úmido que facilita a cicatrização e o umedecimento das terminações nervosas, levando a um alívio da dor. Além de acelerar a reepitalização, ainda facilita o desenvolvimento do tecido de granulação.

Os hidrocolóides devem ser aplicados apenas em úlceras livres de processos infecciosos e a sua borda deve ultrapassar 2 cm da borda da úlcera. Podem permanecer em torno de 1 a 7 dias quando são facilmente trocados. Conhecidos no mercado como Duodermâ , Confeelâ e Tegasorbâ , com várias apresentações de espessura e tamanho , os quais devem ser adaptados a cada tipo de úlceras. (Fernandes,Fernandes, Filho, 2000, p. 1004)

6.3 - Debridamento

É a remoção de tecidos desvitalizados, pois estes dificultam a cicatrização, aumentando a probabilidade de infecção e favorecendo o ambiente anaeróbico que inibem a granulação e a epitelização. O debridamento pode ser:

* Químico- devem ser usadas quando a quantidade de tecido necrótico na úlcera for pequena. Agem quebrando, quimicamente, os tecidos colágenos por ação enzimática. Não devem ser usados por mais de 2 semanas, pois provocam maceração tanto dos tecidos normais, quanto dos necrosados.
* Mecânico- feito com soro fisiológico ou no chuveiro.
* Cirúrgico- realizado em áreas com extenso tecido necrótico, feito com tesoura ou bisturi sob anestesia local ou bloqueio, retirando os tecidos desvitalizados e revivando as bordas. ( Abrans,Berkow,1995, p. 150-154).

6.4 - Medicina Hiperbárica
Esta modalidade terapêutica consiste na administração de oxigênio a 100%, a uma pressão 2 ou 5 vezes maior que a pressão atmosférica normal, sendo que nesta situação o O2 é respirado através de máscara ou capuzes especiais, onde há limites pré- estabelecidos de exposições a OHB em termos de pressão e período de permanência, pois existem efeitos neurológicos, pulmonares, seios pneumáticos e ouvido interno. Esta terapêutica proporciona resultados satisfatórios, principalmente nos casos de má-cicatrização e de certas infecções. Isto se dá devido à saturação de 100% da hemoglobina, além de um aumento significativo na quantidade de oxigênio livre, isto é, dissociado da hemoglobina e dissolvido no plasma. Assim, obtêm-se níveis bastante elevados de O2 no plasma (até 2000 mmhg), que conseguem atingir profundamente todos os tecidos do organismo.

Em condição hiperbárica a ação do oxigênio possui alguns mecanismos de particular interesse fisiológico como: efeito anti-edematogênico facilitando o retorno venoso, ação microbicida ou microbiostática através da inibição da biossíntese de aminoácidos, do transporte através da membrana bacteriana e da síntese e degradação do DNA da bactéria, ação bioquímica oxidativa deslocando substâncias tóxicas, efeito sinérgico com outras drogas, como antibiótico sistêmico, efeito regenerativo facilitando a neoangiogênese e a formação do colágeno.

A aplicação é feita em câmaras especiais individuais (monoplace ou monopacientes) ou coletivas (multiplace ou multipacientes). Para a segurança e o conforto do paciente as câmaras hiperbáricas possuem um sistema de rádio que possibilita a comunicação com a equipe de oxigenoterapia. ( Medicina Hiperbárica, acesso em: 16 agosto 2001).

6.5 - Zinco

Um mineral componente em várias enzimas, incluindo DNA e RNA. Sendo necessário para síntese de proteína, síntese DNA, mitose e proliferação celular.

O zinco é encontrado em carne, peixe, grãos, leite e seus derivados. De acordo com a "Recommended Dietary Allowances (RDAS- 1989 USA)" a quantidade de zinco por adulto do sexo masculino deve ser 15 mg/ dia e 12 mg dia adulto do sexo feminino. A sua deficiência há um retardo cicatricial.

A sua utilização nas lesões epidêmicas se dá por curativos impregnados de zinco para a revitalização tecidual. (Souza, )

6.6 - Pressão Negativa Controlada

A pressão negativa controlada é um método coadjuvante no tratamento de feridas.

Tem indicação específica e favorece o processo cicatricial. Seu mecanismo de ação absorve os líquidos em excesso, facilita a regressão do edema e favorece a contração cicatricial da ferida.

As indicações, pode-se destacar: feridas cavitárias, úlcera de pressão grau III e IV em clientes impossibilitados de submeter-se a cirurgias reconstrutivas. (Pressão Negativa Controlada, acesso em: 05 Janeiro 2002).

6.7 - Ozonioterapia no tratamento de feridas.

Ozônio é uma substância gasosa normalmente presente na atmosfera terrestre.

Pode ser obtido artificialmente através da ativação energética do oxigênio em um campo elétrico.

É indicado no tratamento de feridas devido a sua ação bactericida e bacteriostática e por acelerar a produção do tecido de granulação.

A oxigênio-ozonioterapia pode ser usada no tratamento de várias feridas como:

lesões crônicas (pé-diabético, ulcerações vasculogênicas, úlceras da pressão, etc.),lesões agudas (úlceras pós- flebítica, lesões infectadas,etc).

Nestes casos a aplicação é feita diretamente no leito da lesão empregando-se uma campânula de vidro. A concentração de ozônio, o tempo de aplicação e a freqüência do tratamento dependerá do tipo de patologia e estado cicatricial da lesão. (Ozonioterapia no Tratamento de Feridas, acesso em: 05 Janeiro 2002).


Conclusão

Ao término desse artigo cientifico conclui-se que as úlceras de pressão, devido às inúmeras ocorrências, sejam provenientes da comunidade ou desenvolvidas no próprio hospital, tornaram um grande problema na rotina das instituições de saúde. Desta forma, faz-se necessário a formação de uma equipe multidisciplinar que possua não apenas conhecimento das causas e características da lesão, mas também capacidade de identificação de pacientes com risco de desenvolver úlceras, permitindo estabelecer medidas preventivas como utilização de métodos adequados de alívio da pressão e implementação de um tratamento adequado e satisfatório, contribuindo para redução e a incidência desse problema dentro do ambiente hospitalar.


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