REABILITAÇÃO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO DO QUADRIL

Introdução

O quadril é uma articulação proximal do membro inferior que tem como função orientá-lo em todas as direções no espaço, onde a cabeça do fêmur articula se com os ossos do quadril encaixando-se no acetábulo para constituir uma articulação sinovial do tipo esferóide e triaxial.

Os movimentos do quadril são realizados por uma única articulação tendo característica semelhantes à articulação do ombro, mas com uma menor amplitude de movimento, compensado de uma certa forma pela coluna lombar.Por outro lado, ela mais estável e mais difícil de ser luxada sendo esta característica indispensável para transferências de peso.(Dangelo, Fatini, 1995; Kapandji, 1999).

Porém uma série de fatores pode evoluir os processos degenerativos, podendo acarretar dor e limitação funcional, comprometendo as funções desenvolvidas nesta articulação. Podemos citar como algumas causas: necrose da cabeça do fêmur, legg-perthes-calvé, luxação entre outras.(Gould, 1993).

A aplicação dos recursos em fisioterapia contribuem no processo de preparo e reabilitação nas patologias do quadril restabelecendo a função do paciente, evitando complicações e permitindo o retorno às atividades da vida diária e profissional.

É de extrema importância abordar que a educação pré-operatória do paciente tem sido muito defendida no plano geral de reabilitação.

A instrução no passado dava-se um dia antes da cirurgia, quando eles eram geralmente admitidos ao hospital para exames pré-operatório. Em locais de cuidados de saúde, atualmente as internações têm encurtado dramaticamente o contato pré-operatório com um paciente antes de uma cirurgia ocorre agora de forma ambulatorial, individualmente ou em grupo.

Um dos objetivos do fisioterapeuta é fazer com que a reabilitação seja um desafio para o paciente a fim de estimular sua adesão ao programa de reabilitação e um período de recuperação bem menor.

Empregar o fisioterapeuta aos pacientes com enfermidades no quadril é de grande importância para que ele resgate a qualidade de vida.

A Organização Mundial de Saúde define qualidade de vida como "a percepção do indivíduo de sua posição no contexto da cultura e do sistema de valores, nos quais ele vive, em relação aos seus objetivos, suas expectativas, seus padrões e suas preocupações". Nessa definição fica implícito que o conceito de qualidade de vida é subjetivo, multidimensional e que inclui elementos de avaliação tanto positivos como negativo (Salter, 1985).

Em relação à reabilitação do quadril, esse enfoque é de fundamental importância. O comprometimento predominante do sistema músculo-esquelético com sintomas dolorosos e seqüelas, algumas vezes irreversíveis, leva a limitações funcionais, com serias dificuldades que alteram o cotidiano e a qualidade de vida dos pacientes.

O objetivo da avaliação fisioterapeutica é a descrição das limitações funcionais, ou anatômica do paciente e também a comparação de sinais e sintomas músculo-esquelético do quadril para identificar as disfunções implícitas do movimento, a fim de que o tratamento possa ser planejado o mais especificamente possível (Malone, 2000).

Com a identificação de objetivos específicos de curto prazo, é possível equilibrar as expectativas dos pacientes em relação ao tratamento.

A fisioterapia conta vários recursos que são colocados à disposição do paciente durante o tratamento, são eles: Exercício terapêutico, hidroterapia, eletroterapia, crioterapia, recursos manuais como massoterapia, pompage entre outros. Com tudo isso é indispensável o tratamento fisioterapêutico e quanto mais precoce for, a atuação do fisioterapeuta, mais rápida será a recuperação funcional do paciente (Thompson, 1994).

O médico que solicita fisioterapia para um paciente deve conhecer os tipos de equipamentos fisioterápicos e as modalidades que tem a disposição. Além disso, deve saber se a fisioterapia proporcionou resultados benéficos em outros pacientes com doenças semelhantes. Deve discutir também com o fisioterapeuta sobre o quadro patológico do paciente e o tratamento particular que prescreveu.

A escolha dos procedimentos apropriados em fisioterapia requer um conhecimento dos efeitos fisiológicos, da dosagem, freqüência e duração habitual dos tratamentos bem como a maneira pela qual podem ser adaptados as necessidades especificas ao estado geral e as peculiaridades de cada paciente.

Considerando-se estes fatos, a prescrição deve indicar claramente os diagnósticos primários e secundários do paciente, os resultados esperados e o tratamento especifico prescrito, devendo ser modificado de acordo com as mudanças observadas no estado do paciente (Robert, 1987).

O quadril é uma articulação grande e de suma importância, pois qualquer acometimento nessa articulação pode acarretar seqüelas e problemas grandes.

As atividades profissionais devem ser levadas em consideração também a idade, gênero, incidência; A cor do paciente pode predispor certas entidades mórbidas que comprometem o quadril como a anemia falciforme nos negros.

O inicio dos sintomas ou sinais é muito válido uma vez que pode caracterizar uma patologia aguda ou crônica e essa informação e muito importante para o tratamento (Turíbio, 1993).


Revisão de Literatura

Em qualquer programa de reabilitação do quadril além de maximizar o estado funcional do paciente com respeito à mobilidade e as atividades da vida diária e também minimizar as complicações pós-operatórias. Independente do local onde se realize a reabilitação, o programa permite ao paciente a retomada de atividades pré-mórbidas e reintegra o ao convívio social de sua comunidade diz Jerald R. Zimmerman em 1998.

Já Willian E. Prentice, 2002 divide o tratamento de reabilitação não cirúrgica em duas fases. As fases iniciais da reabilitação, utilizam-se gelo, compressas e diversas modalidades terapêuticas, sendo que os exercícios indolores e ativos para manutenção da amplitude de movimento são efetuados assim que possível. Após período agudo, o fisioterapeuta deve utilizar modalidades terapêuticas combinadas com exercícios para ganho de amplitude de movimento. A fase final e quando o fisioterapeuta deve progredir o paciente para atividades de vida diária.

Segundo Zimmerman, 1998 no caso de uma cirurgia eletiva, artroplastia total de quadril por exemplo, pode-se trabalhar com conceitos relativos a educação pré-operatória, fortalecimento muscular, exercícios de amplitude de movimento e princípios sobre a descarga de peso do corpo. O uso de diretrizes para orientação pré-operatória, tanto escritas quanto em vídeo, é bem comum. A educação do paciente continua sendo um processo em andamento por meio do curso de assistência do paciente.

O fisioterapeuta e o paciente devem desenvolver juntos, o programa de reabilitação com ênfase no mecanismo especifico das lesões, na avaliação funcional e mecânica realizada pelo fisioterapeuta e nos achados clínicos, segundo Willian em 2002.

Todos os programas devem ser apresentados ao paciente com objetivo e prazo definido. Um dos objetivos do fisioterapeuta e fazer com que a reabilitação do quadril seja um desafio para o paciente, a fim de estimulá-lo no programa de reabilitação.

Após uma cirurgia, muitos pacientes terão uma redução na forca dos músculos que controlam articulações dolorosas. O fortalecimento de músculos ao redor da articulação operada, seja isotônico, isométrico ou isocinético deve ser continuado por um período prolongado relata Zimmerman 1998. Os exercícios de fortalecimento muscular, portanto, devem ser um componente vital de qualquer programa de reabilitação, diz também que o fortalecimento do quadríceps e dos músculos extensores do quadril deve ser iniciado logo após a cirurgia. Exercícios progressivos resistidos, começando com o peso do próprio membro, podem ser aos poucos iniciados para a flexão de quadril. Quando não houver mais dor na articulação, poderá ser acrescentados mais resistência conforme tolerado.

Já Kapanji, 1999 cita que o quadril não deve ser avaliado como uma articulação separadamente é preciso considerar, que os movimentos da articulação do quadril depende, em boa parte do comprimento relativo dos músculos que transpõe duas articulações, como é o caso dos flexores de joelho ou do músculo reto femoral. Portanto ao examinar a articulação do quadril, deve-se levar em consideração a coluna lombar e a articulação do joelho.

Através de um estudo Pinho concluiu em 2005, que a articulação do quadril é importante para restabelecer o equilíbrio em situações de instabilidades, idosos que possuem déficit na função muscular nessa articulação tem um maior número de quedas relatados, entretanto idosos que fazem exercícios isotônicos para esta musculatura como terapia preventiva tem um menor índice de quedas.

Esta articulação é tida como uma das mais complexas de corpo humano e devido a isto Thomson 1994, acredita que em casos de morbidades nesta articulação ela deve ser tratada por uma equipe multi disciplinar para que possa ser evitada uma piora na qualidade de vida destes pacientes.

Segundo Gold 1993, existe outras questões de reabilitação com dirigir, sexualidade, atividades esportivas, pois qualquer procedimento realizado no membro inferior direito afetara de formas adversas a habilidade do paciente de dirigir um carro com segurança.

Patologias no quadril parece tem um impacto adverso sobre a função sexual. As questões sobre sexualidade após um acometimento grave no quadril têm recebido pouca atenção na literatura e provavelmente não é muito discutida entre o médico e o paciente.

Já nas atividades esportivas, muitos pacientes após a reabilitação gostariam de retornar as atividades físicas, pois o paciente deve ser encorajado a participar de esportes de baixo impacto,como natação, ciclismo e golfe.

A reabilitação músculo-esquelético do quadril deve ser muito bem sucedida resultando em melhora significativa na qualidade de vida do paciente. Mediante o alivio da dor, a minimização das complicações, e a maximização das funções, os pacientes em geral devem ser capazes de retornas as atividades que desejam tanto vocacionais como avocacionais.

Deve também ser discutida a anatomia funcional e biomecânica do quadril, discutir as lesões e descrever as alterações que ocorrem durante e após uma lesão avaliar os padrões da marcha e utilizar esse conhecimento durante o processo de avaliação e aplicação do programa de reabilitação.


Objetivo

Avaliar os benefícios do tratamento fisioterapêutico na recuperação de pacientes com acometimentos músculo-esqueléticos do quadril.


Justificativa

A intervenção fisioterapêutica permite uma melhor e mais rápida recuperação dos pacientes e o propósito deste estudo é apresentar os benefícios da implantação do tratamento fisioterapêutico nas patologias músculo-esqueléticos do quadril.


Metodologia

Serão avaliados dez pacientes com acometimentos músculo-esquelético na articulação do quadril.

Os pacientes serão de ambos os sexos na faixa etária de 18 a 30 anos .

O instrumento a ser usado será os aparelhos de eletroterapia que serão abicados de acordo com as patologias, serão indicados;

* Ultra som
* Microondas
* Ondas curtas
* Infravermelho

No uso do Ultra-som, a dosagem terapêutica de 0,5 a 2,0 watts por centímetro quadrado .

O tempo de tratamento é progressivo, iniciando-se com 5 minutos e aumentando-se este período até no máximo de 8 a 10 minutos por área de tratamento, cerca de seis a doze aplicações.

Já no microondas as modalidades de aplicação são bem simples mais precisam ser respeitadas como aquecer o gerador até que o sinal óptico avise que o tratamento pode começar, o paciente será posicionado sob o localizador pedindo para retirar os objetos metálicos, o projetor será colocado cerca de 15 cm de pele e a potencia será elevada ate que o paciente sinta calor agradável, o tratamento deve durar de 15 a 20 minutos, sem ultrapassar 30min.

Para o uso do Ondas curtas deverá ser posicionado os eletrodos, o aparelho ligado e o paciente sentirá um calor agradável a eficácia deverá atingir um grau ótimo ao fim de 10 a 15 minutos. Em conseqüência, as sessões devem ser fixadas em 30 minutos.

A radiação infravermelha e usada uma ou duas vezes por dia durante 20 a 25 minutos ficando a fonte afastada cerca de 45 cm da área corporal submetida ao tratamento.

Para avaliar os resultados será usado o goniômetro para avaliar amplitude de movimento e testes de força muscular onde serão avaliados os graus individualmente.

Serão aplicados também testes específicos para a propedêutica do quadril como: Teste de Thomas, para avaliar contraturas em flexão do quadril,Teste de Duchene-Tremdelemburg, avalia a forca adquirida no glúteo médio, Teste de Ober para contração da faixa Iliotibial, além da avaliação da marcha e da escala verbal analógica da dor.

Será observado na análise estatísticas todas as variáveis do projeto além da avaliação e comparação dos resultados em cada paciente objetivando identificação ou não dos efeitos adequados da reabilitação.


Referências bibliográficas

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