Fisioterapia e a Hidroterapia

Dentre as várias técnicas utilizadas pela fisioterapia para obtenção do relaxamento físico e mental, um recurso bastante utilizado é a hidroterapia.

O termo hidroterapia é derivado do grego hydor, que significa água e therapeuta que significa cura. A hidroterapia foi primeiramente usada pelos gregos na época de Hipócrates (460 – 375 a.C.), o qual tratou uma série de doenças, como reumatismo, espasmos musculares, paralisia e icterícia com a imersão em água quente e fria. Apesar de ser uma modalidade bastante antiga e popular no meio clínico, não existem relatos na literatura que comprovem ou validem a eficácia desta modalidade de tratamento fisioterapêutico na facilitação do estado de relaxamento.

Seguindo a influência grega, os romanos começaram a construir os sistemas de banho para propósito recreacional e terapêutico. Este sistema romano evoluiu para uma série de banhos com temperaturas variadas, indo desde muito quentes (caldarium), a mornas (tepidarium), até as mais frias (frigidarium), e tinham como objetivo curar e tratar lesões doenças reumáticas, paralisia, além de promover a higiene, repouso, atividades intelectuais, recreativas e de exercício. Com a queda do Império Romano e a influência religiosa do cristianismo, durante a Idade Média, houve um acentuado declínio do uso dos banhos públicos e da água como poder curativo. Em 1700, no entanto, o uso terapêutico da água começa a dar os primeiros passos para o seu renascimento, quando um médico alemão, Sigmund Hahn, defendeu o uso da água para vários problemas médicos. A partir daí, muitos médicos europeus começaram a divulgar a aplicação externa da água para o tratamento de uma variedade de condições.

Gradualmente, a hidroterapia se tornou uma modalidade terapêutica amplamente aceita e usada por fisioterapeutas, baseadas em conceitos científicos, sendo elemento essencial do processo de reabilitação e dirigida também para a prática de exercícios aquáticos com a finalidade de obtenção de cura, prevenção e bem-estar geral.

Na Hidroterapia, são traçadas condutas e exercícios personalizados para cada pessoa, de forma a acelerar e facilitar a reabilitação. Ela trata as disfunções ortopédicas, vasculares, respiratórias, traumatológicas, neurológicas e pós-cirúrgicas dentro da piscina. O fisioterapeuta utiliza inúmeras técnicas de reabilitação conhecidas como Watsu, Bad Ragaz, e outras, associadas às propriedades físicas da água, principalmente a pressão hidrostática, flutuação, viscosidade e aos efeitos do calor, que proporcionam aos pacientes efeitos fisiológicos que surgem imediatamente após a imersão.

O método Bad Ragaz foi desenvolvido em Bad Ragaz, na Suíça, em 1960. É uma técnica de tratamento feito exclusivamente na horizontal. São utilizadas as propriedades da água para se criar um programa de resistência para execução dos padrões. Visa o fortalecimento, reeducação muscular, alongamento de tronco, relaxamento e inibição de tônus, propriocepção e analgesia.- São utilizados padrões em diagonal espiral, parecidos ao Kabat. É uma coleção de técnicas hidrocinesioterápicas desenvolvidas para aplicação em água quente, com objetivo de promover a reeducação, o fortalecimento, o alongamento, o relaxamento muscular e a inibição do tônus. As propriedades físicas da água como flutuação, turbulência, pressão hidroestática, tensão superficial e capacidade térmica, são usadas para facilitar a recuperação cinético-funcional em um programa de relaxamento muscular, estabilização e exercícios resistidos progressivos.

O Watsu, também conhecido como water shiatsu foi criado em 1980, utilizando a flutuação em água aquecida associada com os alongamentos e movimentos passivos, mobilização de articulações, e hara - trabalho, bem como pressão sobre acupontos para equilibrar os ponto de energia através dos meridianos. O Watsu foi criado como uma técnica de massagem ou bem-estar, e não estava necessariamente destinada para uso em pacientes. Porém a associação de alongamentos à água aquecida mostrou que os efeitos de aumento de flexibilidade e amplitude de movimentos foram ampliados em relação aos métodos tradicionais. Fisioterapeutas e terapeutas de reabilitação aquática têm aplicado esta abordagem em pacientes com deficiências físicas e outros distúrbios neuromusculares e musculoesqueléticos, e relataram empiricamente bons resultados no aumento da flexibilidade e amplitude articular de movimento.

O Método Halliwick, desenvolvido em 1949 pelo engenheiro inglês James McMillan, baseia-se em princípios científicos de hidrodinâmica e hidrostática do corpo humano quando imerso em água. Tratamento seguro e eficiente para todas as idades, proporciona ao paciente a obtenção e domínio do equilíbrio e da respiração, potencializando habilidades motoras e recuperando movimentos.

Ao ser inserido neste novo meio o organismo é submetido a diferentes forças físicas e em conseqüência realiza uma série de adaptações fisiológicas. Dentre os vários efeitos fisiológicos que acorrem no organismo do ser humano quando em imersão, está a vasoconstrição periférica, que aumenta o retorno do sangue venoso; o aumento da pressão sobre os vasos linfáticos, que facilita a drenagem linfática ajudando no processo de resolução de edemas; o aumento do suporte sangüíneo muscular, que juntamente com o calor da água, promove relaxamento muscular; além da melhora da capacidade respiratória, renal e hormonal. Outro importante benefício que a terapia realizada em piscina proporciona é a retirada da carga das articulações imersas progressivamente, permitindo a intervenção reabilitadora quando o movimento articular sujeito à carga condicionada pela gravidade for proibida.

A fisioterapia aquática pode favorecer muitos benefícios adicionais aos efeitos a longo e curto prazo da terapia pôr exercício ativo regular e supervisionado.
Ela combina os componentes e vantagens de numerosas teorias de tratamento e técnicas de exercícios, proporcionando ao paciente: alívio da dor e espasmos musculares; manutenção ou aumento da amplitude de movimento articular; fortalecimento muscular e treino de resistência; reeducação dos músculos paralisados; melhora na circulação e diminuição de edemas; manutenção e melhora do equilíbrio, propriocepção, coordenação e postura; além de haver um encorajamento das atividades da vida diária e uma sensação de bem estar físico e psicológico.



Os fisioterapeutas e especialistas em exercícios aquáticos têm usado a água para a reabilitação, pois permite a realização precoce de exercícios. A Fisioterapia Aquática é usada no tratamento de pacientes das mais diversas patologias:

Ortopedia e Traumatologia - problemas da coluna vertebral, fraturas, pré e pós-operatórios, inflamações, praticantes de esportes de diversas modalidades, etc.
Neurologia (adulto e infantil) - AVC, pré e pós-operatório, atraso no desenvolvimento motor, paralisia cerebral, Síndrome de Down, etc.

Reumatologia -artrites, fibromialgia, etc.

Ginecologia e Obstetrícia - Pré e pós parto, gestantes, etc.

Respiratória ( adulto e infantil) - asma, DPOC, pré e pós operatório de lobotomia, etc.

Geriatria - patologias diversas decorrentes ou não do envelhecimento.
Síndromes Dolorosas e Síndromes Raras - das mais diversas