Domingo, 13 de Abril de 2008
Crohn - Algumas perguntas mais frequentes:



Gravidez e Crohn ?
Não há nenhum problema se da paciente de Crohn ficar grávida. Alguns remédios podem fazer mal ao feto, assim é recomendável informar o médico da gravidez.

Apesar de se achar que a doença é hereditária, não é comum os pais ( se o pai ou a mãe forem portadores da doença ) transmitirem a doença ao filho/filha. O que pode ocorrer é o seu irmão/irmã ou netos venham a ter a doença.

O que causa a doença ?

Há várias teorias sobre o que causa a Doença de Crohn, mas até agora nenhuma foi provada. Uma delas é que algum agente, talvez um vírus ou uma bactéria, afeta o sistema imunológico para desencadear uma reação inflamatória da parede do intestino. Apesar de saber-se que pacientes com essa doença tem o sistema imunológico com funcionamento anormal, os médicos não sabem se os problemas imunológicos são a causa ou o resultado da doença.

Quais os Sintomas?

Os sintomas mais comuns são, dor abdominal, freqüentemente na parte baixa e a direita do abdomen , diarréia ou constipação. Há também sangramento retal, perda de peso e febre. Se o sangramento for abundante e constante, leva a anemia. As crianças podem ter o seu desenvolvimento retardado.

Qual o melhor Tratamento?
Muitas drogas existem para ajudar no controle da doença, mas nenhuma leva a cura. · que se faz é usar uma dieta nutricional, controlar a inflamação e diminuir a dor abdominal, a diarréia e o sangramento retal. A sulfasalazina freqüentemente diminue a inflamação , especialmente a do colon. Pode ser usada por longos períodos e juntamente com outros remédios. · pacientes que não suportam a sulfasalazina, freqüentemente se dão bem com outras drogas como as mesalaminas ou 5-ASA · Ainda pode-se usar juntamente com esses medicamentos, drogas como corticóides, antibióticos ou aquelas que afetam o sistema imunológico como a azathioprina ou 6-MP.

Dietas ?

Dizem não existir dietas específicas para prevenir ou tratar a doença. Mas, algumas pessoas tem seus sintomas diminuídos evitando tomar álcool, leite e seus derivados, comidas apimentadas, frituras, ou fibras. Como cada pessoa reage diferente, é aconselhável que se procure um nutricionista que conheça bem a doença, e evitar as comidas que percebe fazerem mal. Não se deve tomar grandes doses de vitaminas, porque além de desnecessárias podem causar efeitos indesejáveis.

O paciente com doença crônica, precisa de uma boa alimentação, para que possam ser repostos no organismo nutrientes, vitaminas e minerais que são perdidos devido a dificuldade de absorção dos alimentos, diarréia, apetite reduzido.

Apesar dos médicos dizerem que o paciente de Crohn pode comer de tudo, aconselha-se que sejam evitados alimentos condimentados, com gordura, açucares, leite e seus derivados, alimentos que contenham fermento.

Existem Pesquisas ?

Existem alguns laboratórios pesquisando não só a cura da doença, como também remédios que tratem melhor os sintomas, tornando a vida do paciente mais fácil.

A Isis Pharmaceutical e a Boehringer Ingelheim possuem uma pesquisa sobre um antinflamatório chamado Isis 2302, na segunda fase de testes.

O Interleukin 10 que atua como imunossupressor e antinflamatório. Os resultados dos testes indicam que o IL10 administrado diariamente por uma semana é seguro e bem tolerado sendo clinicamente eficiente.



Mycobacterium, Paratuberculosis?


Existem várias frentes de pesquisas no sentido de se encontrar a causa da doença. Os tratamentos usados atualmente só tratam dos sintomas, tentando trazer aos pacientes um pouco mais de conforto. Em 1913, o cirurgião Dr.Dalziel, descreveu uma doença que se hoje chamamos de doença de Crohn. Ele acreditava que ela era originaria de uma bactéria chamada "Mycobacterium paratuberculosis". Essa bactéria causa tuberculose intestinal e paratuberculose, doenças com sintomas similares ao Crohn. No entanto, ele não pode provar a ligação . Em 1932, Burrill B.Crohn , o primeiro a documentar a doença de Crohn, não pode encontrar uma origem bacteriana da doença.

As pesquisas continuam ainda hoje, no sentido de se estabelecer uma ligação entre a citada bactéria e a doença.
Qual a relação de TENSÃO E ANSIEDADE com as doenças intestinais?

A ansiedade - problema causado pelas pressões da vida - é talvez a emoção que mais pesa nos indícios científicos que a ligam ao começo da doença e ao curso da recuperação. Quando a ansiedade serve para que nos preparemos para lidar com algum perigo (uma suposta utilidade na evolução humana) , está nos prestando um bom serviço. Mas a vida moderna a ansiedade é, na maioria das vezes, fora de propósito e dirigida para o alvo errado - a raiva se torna patológica quando ocorre em circunstâncias triviais ou quando é invocada pela mente como reação equivocada, dirigida ao alvo errado. Repetidos ataques de ansiedade indicam altos níveis de estresse. A mulher cuja preocupação constante lhe causa problemas gastrintestinais é um exemplo didático de como a ansiedade e o estresse exacerbam problemas clínicos. Num comentário de 1993, nos Archives of Internal Medicine, sobre a extensa pesquisa sobre a correlação estresse-doença, Bruce McEwen, psicólogo de Yale, observou um largo espectro de efeitos: comprometimento do sistema imunológico a ponto de disparar a metástese do câncer; aumento da vulnerabilidade a infeções virais,; exacerbação na formação de placas que levam à arteriosclerose e à obstrução do sangue que causa enfarte do miocárdio; aceleração do início da diabete Tipo I e do curso da Tipo II; e piora ou provocação de uma crise asmática. O estresse também pode levar à ulceração do trato gastrointestinal, provocando sintomas como colite ulcerativa e doenças inflamatórias do intestino. O próprio cérebro está sujeito aos efeitos de longo prazo do estresse constante, incluindo danos ao hipocampo e, portanto, à memória. De um modo geral, diz McEwen, "crescem os indícios de que o sistema nervoso está sujeito a "desgaste e rompimento"como resultado de experiências estressantes. Indícios particularmente fortes do impacto clínico da perturbação vieram de estudos sobre doenças infecciosas como resfriados, gripes e herpes. Vivemos constantemente expostos a esses vírus, mas em geral nosso sistema imunológico os mantém à distância - só que, sob estresse emocional, essas defesas na maioria das vezes falham. Em experimentos nos quais a robustez do sistema imunológico foi avaliada diretamente, descobriu-se que o estresse e a ansiedade o debilitam, mas a maioria desses estudos não deixa claro se a gama de enfraquecimento imunológico tem significado clínico - ou seja, se é suficientemente grande para abrir caminho à doença. Por esse motivo, mais fortes ligações científicas entre tensão e ansiedade com vulnerabilidade clínica vêm de estudos em perspectiva: aqueles que começam com pessoas saudáveis e monitoram primeiro um aumento de perturbação, seguido por um enfraquecimento do sistema imunológico e o início da doença. ( Inteligência Emocional - Daniel Goleman, PhD ) - Vale ler esse livro.



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Viajar ?

Os portadores da doença de Crohn podem viajar para onde quiserem. Precisam somente ter a mão alguns recursos, tais como; levar os remédios não só em quantidade suficiente para o tempo da viagem, como também ter um pouco a mais, caso seja necessário aumentar a dose. A mudança de fuso horário, hábitos alimentares, stress de viagem podem gerar a necessidade de se ter a dose de medicamentos aumentada, durante esse período; ter o telefone do médico assistente para qualquer eventualidade; ter por escrito a medicação que usa, no caso de ter que procurar um médico local.



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Stress e Crohn ?

Cientistas já relacionaram o stress com a doença. A tensão emocional pode influir no curso da doença. O acompanhamento de um psicoterapeuta, com conhecimentos das enfermidades intestinais é muito recomendado, ajudando no controle da doença e até fazendo com que os sintomas desapareçam.



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Fonte: http://www.geocities.com/hotsprings/8065/paginas/perguntas.html








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Bactérias vindas do leite seriam a causa do Crohn? Será Verdade?

A paratuberculose por microbactérias provoca uma doença bovina conhecida como "Mal de Johne". Vacas diagnosticadas com esta doença têm diarreia e intensa eliminação fecal de bactérias. Estas bactérias multiplicam-se no leite, e não são destruídas pela pasteurização. Por vezes as bactérias vindas do leite passam a crescer no hospedeiro humano, e daí resulta a síndrome do intestino irritável, ou doença de Crohn.

Fonte: http://www.centrovegetariano.org/Article-73-Lactic%25EDnios%2Be%2Ba%2Bsa%25FAde.html



Paratuberculose é ameaça e prejuízo certo para o rebanho leiteiro

"A paratuberculose é a mais recente e perigosa ameaça à sanidade dos rebanhos leiteiros. Não tem cura, e sua presença já está confirmada em cerca de 22% das fazendas dos EUA", declarou a médica veterinária Patty Scharko, da Universidade de Kentucky-EUA, ao abordar o tema durante o 4º Simpósio Internacional sobre Produção Intensiva de Leite, evento realizado em julho último, em Caxambu- MG. Como especialista, ela disse que o mais preocupante, da também conhecida como Doença de Johnes, é sua ação silenciosa, pois quanto mais tempo ela passa despercebida, maior é o número de animais que se tornam infectados. "Cada caso clínico confirmado dentro de um rebanho pode representar até 15 outros em estágio subclínico".

Segundo sua definição, a nova doença apresenta-se como uma infecção bacteriana contagiosa que ataca o trato intestinal dos ruminantes. A bactéria Mycobaterium paratuberculosis é o agente transmissor, sendo capaz de se desenvolver principalmente no interior do organismo dos animais. Contudo, se o solo ou água estiverem contaminados com esta bactéria, ela será capaz de sobreviver por período de até um ano, dada a sua alta resistência ao frio, calor e ressecamento. A veterinária conta ainda que geralmente a vaca se infecta quando bezerra, através do contato com esterco, leite e colostro contaminados ou, então, durante a vida intra-uterina. Um quadro que faz com que os animais com menos de seis meses de idade sejam os mais susceptíveis.

Diante disso, é comum a doença se incubar, mostrando os sinais somente aos três anos de idade, geralmente após situações de estresse, como a parição. Sua ação contagiosa, que causa sérios danos ao intestino, tem como principais sintomas a diarréia, perda progressiva de peso, sem perder o apetite, e queda na produção de leite. Um estudo recente realizado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos anuncia que os prejuízos com a doença chegam a uma redução de 25% na produção de leite, sem contar os custos veterinários e o descarte prematuro de fêmeas em período de produção. Outra chance de se ter contato com a doença é através de aquisição de animais adultos infectados, sem sinais clínicos evidentes. Dessa forma, o produtor só se vai dar conta quando surgirem os primeiros sintomas da doença.

As vacas infectadas são capazes de eliminar a bactéria através do leite e das fezes. O Mycobaterium paratuberculosis leva a um espaçamento da parede intestinal do animal, reduzindo a capacidade absortiva de nutrientes e promovendo uma disfunção intestinal. A bactéria é extremamente resistente ao sistema imunológico do hospedeiro, mostrando-se por enquanto incurável. De acordo com a veterinária Scharko, alguns tratamentos possíveis foram realizados em cabritos e ovelhas, mas se mostraram inviáveis pelo seu alto custo. "O melhor, então, é se voltar para a prevenção", anuncia. A doença tem sinais positivos em várias regiões dos EUA e países da Europa, além de mostrar uma prevalência crescente nos rebanhos leiteiros da Nova Zelândia e da Austrália. No Brasil, o primeiro estudo foi realizado no início deste ano, e os resultados foram alarmantes.

Como a doença se desenvolve no animal? A resposta, dada pela veterinária de Kentucky, divide a paratuberculose em quatro estágios. O primeiro, quando os animais apresentam uma infecção inaparente (sub-clínica), o que acomete quase sempre bezerras e novilhas. Essa fase é muito difícil de ser identificável por exames. O segundo estágio, que acomete novilhas mais velhas, faz com que estes animais ainda saudáveis eliminem as bactérias pelas fezes. Isso significa um sério risco para o rebanho, pois os resultados dos testes diagnósticos são bastantes inconsistentes, variando em função do número de microorganismos disseminados. No terceiro estágio, os animais apresentam sinais clínicos evidentes como diarréia aquosa aguda e sistêmica, e as perdas em produção de leite são bastante aparentes. O diagnóstico laboratorial é preciso nesta fase. Em caso positivo, o quarto estágio é irreversível, e, ao atingi-lo, o animal morrerá em três semanas.


A DOENÇA NÃO TEM CURA, MAS TRÊS SÃO OS TESTES PARA O DIAGNÓSTICO

O médico veterinário Christian Campos Pereira, que vem estudando a doença no campus de Pirassununga-SP, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia USP, alerta para os produtores atentarem especialmente para o caráter subclínico ou inaparente da doença. Conta que alguns estudos estimam que, num rebanho de 100 vacas adultas, a presença de um quadro clínico avançado (estágio quatro), indica a existência de um a dois animais no estágio três; quatro a oito no estágio dois e 10 a 14 animais na fase um, ou seja, no início do quadro subclínico. "Isso significa que para cada caso clínico agudo tem-se de 15 a 25 animais infectados dentro do rebanho", estima. Lembra que a doença tem um aspecto perverso, ao apresentar a forma sub-clínica por um longo período nos estágios iniciais da infecção, o que determina uma limitação para identificação dos animais.

O diagnóstico para certificar a presença da Doença de Johnes pode ser feito através de três testes: cultura de fezes, teste de DNA nas fezes e sorologia. O primeiro é bastante demorado e requer até 16 semanas para se obter o resultado. Já a utilização do DNA recombinante nesse mesmo teste pode ajudar a identificar as bactérias nas fezes, mas é preciso que haja um número expressivo de microorganismos e a fase da doença não seja inicial. Respectivamente, custam em média R$30 e 45, por amostra. A sorologia, por sua vez, é a opção mais recomendada para identificar a presença de anticorpos contra o agente causador. A melhor opção é o Elisa (Enzyne Linked Immunoabsorbent Assay), um teste bastante rápido, tendo uma especificidade de 95 a 99%, ou seja, com poucas chances de apresentar falso positivo.

"Entretanto, apresenta aproximadamente 56% de sensibilidade nos casos sub-clínicos e 85% em casos clínicos, o que significa que pode haver um número considerável de falso negativo quando se estiver fazendo uma análise sorológica de todo rebanho", observa Scharko, explicando que desta forma alguns animais positivos nunca serão positivos neste exame. Por outro lado, considera que tais testes são muito bons para diagnosticar animais afetados clinicamente, podendo subestimar o número de animais em estágios iniciais de controle. Em termos práticos, o teste Elisa é adequado para se fazer um levantamento inicial da prevalência da doença na propriedade, podendo-se utilizar a cultura de fezes ou o teste de DNA para confirmar a presença do agente apenas em animais positivos. Nos EUA, o Departamento de Agricultura recomenda que os testes sejam feitos a partir do segundo ano, e o produtor não paga nada por eles.

Para o médico veterinário Pereira, da FMVZ-USP, o produtor deve ter em mente que a paratuberculose é uma doença altamente contagiosa e que as vacinas existentes são ainda muito ineficazes. "Por isso, o controle da doença e suas chances de erradicação do rebanho devem se basear em estratégias de manejo e descarte de animais positivos", ensina. Concordando com ele, Patty Scharko discorre sobre sua identificação e o descarte mais rápido possível. A propósito, orienta para que a compra de gado seja feita somente de rebanhos livres da doença, não permitindo que vacas positivas venham a parir na fazenda. Outro alerta: "O criador não deve emprestar touros para outras propriedades. Há o risco de contágio, e o agente transmissor pode ser transmitido através do esperma". Tal possibilidade implica que o touro deve ser submetido periodicamente aos testes que detectam a doença. Sugere ainda que todo o instrumental utilizado em inseminação artificial e transferência de embriões deve ser cercado da máxima assepsia possível.


MANTER O REBANHO FECHADO: A PREVENÇÃO MAIS EFICAZ

Princípios de higiene devem também ser aplicados em todos os espaços da propriedade. Os alimentos, antes de serem fornecidos, devem ficar distantes dos animais e jamais deve se usar o mesmo equipamento para manejar fezes e comida. Ao mesmo tempo, deve-se estar atento a possível contaminação fecal da fonte de água. Outra boa dica é reduzir o contato entre animais adultos e bezerros, o que significa inclusive não fornecer sobras da dieta de um para o outro. O tratador deve estar sempre de botas limpas ao trabalhar com os bezerros e, principalmente, seguir atentamente o que determina o programa previamente preparado para o controle específico da paratuberculose na fazenda. Para isso, cabe ao produtor convocar um veterinário que conheça as técnicas de manejo de prevenção da doença.

"A manutenção de um rebanho fechado é o melhor método para evitar a contaminação do rebanho" , ressalta Patty Scharko. Diz isso, levando em conta que os atuais métodos diagnósticos não conseguem detectar todos os animais positivos. Nos Estados Unidos, o Sistema Nacional de Monitoramento da Saúde Animal mostrou que 22% das propriedades leiteiras apresentavam pelo menos 10% de vacas infectadas com Mycobacterium paratuberculis. Os resultados apontaram que a prevalência está relacionada com o tamanho do rebanho. Cerca de 40% dos rebanhos com mais de 300 vacas tinham taxas de infecção de pelo menos 10%. O mesmo estudo apontou que cada animal infectado causa um prejuízo em produção de leite de US$227 por vaca/ano, além de significar perda de animais geneticamente valiosos, gastos veterinários e dificuldades na comercialização de animais.

No Brasil, o único experimento realizado sobre a presença da paratuberculose foi realizado no primeiro trimestre deste ano por pesquisadores da FMVZ-USP em propriedades dos municípios de Pirassununga, Descalvado e São Carlos, no interior paulista. Foram escolhidos 20 rebanhos especializados de diferentes sistemas de exploração. Ao todo, o estudo envolveu 403 vacas, com duas ou mais lactações, as quais foram submetidas ao teste Elisa, para identificar através do sangue a presença de anticorpos contra o agente transmissor da doença. O médico veterinário Christian Pereira, um dos coordena dores do estudo, revela que 153 dos animais da amostra apresentaram resultados positivos, ou seja, 38% estavam infectados. E pior: das 20 fazendas visitadas, apenas uma delas não apresentou nenhuma vaca com a doença. Uma outra apontou 75% de animais infectados com o agente.

"O resultado é alarmante, mas deve-se considerar que é apenas o primeiro levantamento feito no país", observa o veterinário. Lembra, no entanto, que uma fazenda gaúcha de leite tipo A, próxima a Porto Alegre, encerrou as atividades no ano passado em virtude da disseminação da doença em seu rebanho Holandês. Destaca ainda que, ao contrário do que se pensa, a doença não é recente. "O primeiro registro de paratuberculose é datado de 1895, na Alemanha. Hoje, ela está espalhada no mundo inteiro, mas a mídia veterinária só veio valorizá-la nos últimos cinco anos", observa. Talvez por isso, muitos produtores e também veterinários ainda tenham dificuldades de identificar seus sintomas dentro do rebanho, confundindo-a com outras enfermidades.

Por exemplo, paratuberculose nada tem a ver com a tuberculose. Seus agentes causadores são diferentes. No primeiro caso, a ação se dá pelo Mycobacterium paratubeculosis, que se aloja no intestino, gerando diarréia e perda de peso, enquanto no segundo, pelo Mycobacterium tuberculosis, que se estabelece no pulmão, promovendo problemas respiratórios. O estudo da FMVZ-USP deve ter prosseguimento ainda este ano, voltando-se agora para o isolamento do agente infeccioso e para a identificação de novas recomendações de manejo que orientem a prevenção. Uma delas foi sugerida por Scharko, ao apontar experimentos realizados em Michigan (EUA), cujos resultados indicaram que a redução dos níveis de ferro no solo, elevando-se o pH, contribui para que as bactérias tenham dificuldades para se multiplicarem.

Por outro lado, Pereira lembra que a potencial ligação da paratuberculose com a Doença de Crohn, que acomete o homem, tem perturbado a comunidade científica. "O M. paratuberculosis tem sido isolado em 70% dos pacientes humanos com a Doença de Crohn, que é caracterizada por sintomas muito parecidos com os da doença de Johne, como diarréia e perda de peso", explica. A semelhança entre os dois processos patológicos não se resume apenas à sintomatologia, mas também à epidemiologia, pois ambas são de caráter crônico, promovendo lesões teciduais graves no epitélio intestinal, com os sinais iniciais nos primeiros anos de vida. "Se realmente houver uma relação direta entre as duas doenças, pode acontecer o mesmo que vem ocorrendo com a síndrome da vaca louca. Muitas pessoas vão deixar de beber leite, comer carne, e os prejuízos mais uma vez vão afetar os produtores", alerta a veterinária de Kentucky.

Mais informações sobre a Doença: ccpereira@yahoo.com

FONTE:
Revista Balde Branco – Número 419 – Set/99
R Gomes Cardim, 532 – CEP 03050-900 – São Paulo-SP

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Dietoterapia e Doença de Crohn

O tratamento da Doença de Crohn é individualizado de acordo com as manifestações da doença em cada paciente. Como não há cura, o objetivo do tratamento é o controle dos sintomas e das complicações.


Não existe um padrão dietético para pacientes com Crohn, mas alguns parâmetros nutricionais podem auxiliar os pacientes a evitar erros na dieta. Doces e frutas em compota com alto grau de açúcar exacerbam a atividade da doença em muitas pessoas. Pão branco, pão de forma e comidas altamente condimentadas não fazem parte da dieta para pacientes com doença de Crohn e deveriam ser substituídos por alimentos com alta quantidade de fibras. Importantes fontes de fibra podem ser encontradas em pão integral e em muitos tipos vegetais. As fibras vegetais auxiliam as funções intestinais.

Entretanto, nos casos de constricção intestinal ( redução da luz intestinal ou estenose ); uma dieta pobre em fibras deve ser seguida.

Médicos e nutricionistas precisam estar atentos à possibilidade de má nutrição, que pode ocorrer no ataque inflamatório ou mesmo no curso crônico da doença.

Uma deficiência protéica pode ocorrer:

- Na presença de dieta desbalanceada ou quando o paciente se recusa a se alimentar por causa do medo da dor.
- Segmentos inflamados do intestino falham na absorção adequada de nutrientes.
- Secreções inflamatórias com alta quantidade protéica são excretadas através do intestino.
- Aumento da excreção protéica por envolvimento renal.

Uma deficiência de ferro ocorre como resultado de perda sangüínea severa. Entretanto, mesmo na fase crônica da doença pode ocorrer distúrbio na utilização do ferro. Ele é um elemento muito importante na formação do sangue e no transporte de oxigênio. Por essa razão a dosagem regular e anual de ferro no sangue é necessário.

Devido a perda de fluídos propiciada pela diarréia, distúrbios do metabolismo de água eletrólitos podem ocorrer. Estas perdas devem ser repostas pela dieta e por líquidos contendo eletrólitos.


Alimentos Permitidos

- arroz;
- purês;
- carnes magras;
- legumes cozidos;
- ovo cozido;
- gelatina;
- banana maçã;
- maçã;
- chuchu;
- mandioquinha;
- batata;
- cenoura;
- abobrinha;
- espinafre, agrião;
- óleo de peixe, sardinha, atum, salmão.

** As refeições devem ser freqüentes e de pequeno volume. Para obter as quantidades adequadas de cada um dos alimentos citados, consulte seu(sua) nutricionista.

Alimentos Restringidos


- feijão;
- verduras cruas;
- mamão, pêra, laranja, ameixa;
- leite, iogurte, queijos;
- mel;
- aveia;
- carne de porco, lingüiça, salsicha;
- carnes gordas, banha;
- biscoitos amanteigados, doces folhados, chocolate;
- frituras, gratinados, preparações sauté, maionese;
- pratos prontos, industrializados;
- manteiga, margarina, creme de leite.

Fonte: http://www.nutricaoativa.com.br/conteudo.php?id=185
27/03/2007 - 23:13. Por Francine Sarturi Prass.

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Fármaco para Artrite Reumatóide eficaz no tratamento da Doença de Crohn

Resultados de um ensaio clínico demonstraram que o fármaco certolizumab pegol, da UCB SA, para a Artrite Reumatóide, mostrou-se eficaz no tratamento de pacientes com Doença de Crohn que são intolerantes ou que já não respondem ao infliximab.



O fármaco foi aprovado como tratamento para a Doença de Crohn na Suíça em Setembro de 2007. Contudo, em Novembro, o Comité de Medicamentos de Uso Humano (CHMP), da Agência Europeia do Medicamento (EMEA), adoptou uma opinião negativa relativamente à tentativa da UCB conseguir que o fármaco fosse aprovado para esta indicação. A companhia apresentou um recurso e é esperada uma decisão ainda em 2008.

Em comunicado de imprensa, a companhia reforça os dados do ensaio clínico "WELCOME" de Fase IIIb, com 539 pacientes. A empresa refere que, às seis semanas demonstraram que o fármaco certolizumab pegol, “primeiro e único anti factor de necrose tumoral (TNF) alfa peguilado”, foi efectivo em 61% dos pacientes, tendo 39% apresentado uma remissão.

Os resultados foram apresentados no 3º Congresso Anual da Organização Europeia da Doença de Crohn e Colite Ulcerosa (ECCO).

ALERT Life Sciences Computing, S.A.

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Descoberto gene chave da doença de Crohn


Judy Cho assinala mudanças na compreeensão de variações genéticas
:: 2006-10-27


Investigadores norte-americanos e canadianos d escobriram um gene chave da doença de Crohn - uma inflamação abdominal crónica rara em Portugal - que poderá abrir caminho a tratamentos mais eficazes para a combater, indica hoje a revista Science. A descoberta explica um importante mecanismo inflamatório que muda a compreensão das doenças ligadas a variações genéticas, segundo Judy Cho, professora de medicina e genética na Universidade de Yale (Connecticut), e co-autora da investigação.



Enquanto a maioria das variações do gene em causa está fortemente associada à doença de Crohn, uma delas parece conferir uma protecção importante contra a infecção, assinalou. Este avanço permite definir um alvo para o desenvolvimento de novos medicamentos que poderão ajudar a controlar melhor a doença de Crohn ou retocolite hemorrágica.

"Esta doença afecta profundamente a qualidade de vida dos pacientes", explicou Richard Duerr, professor de medicina na Universidade de Pittsburgh (Pensilv ânia). Além disso, acrescentou, "a doença de Crohn afecta muitas vezes membros de uma mesma família em certas comunidades, como os judeus asquenazes (de origem leste-europeia), o que levou a pensar que se trataria de uma disfunção genética".

"Esta descoberta importante faz realçar o potencial oferecido pelo projecto do genoma humano para compreender as causas de doenças complexas e desenvolver tratamentos mais eficazes", sublinha um comunicado do departamento de doenças do sistema digestivo dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, que financiou este projecto de investigação.

A doença de Crohn pode afectar todo o tubo digestivo, especialmente o íleo , o cólon e a região anal, e ser acompanhada de manifestações extra-intestinais (articulares, cutâneas, oculares...) e até de localizações extra-digestivas.

As principais manifestações clínicas são sobretudo dores abdominais e diarreia que pode durar semanas ou meses, por vezes com complicações graves, como oclusões e perfurações intestinais que requerem intervenção cirúrgica. Considerada rara em Portugal, esta doença afecta mais de um milhão de nort e-americanos.

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DOENÇA DE CROHN

A doença de Crohn é uma doença crônica, uma doença digestiva inflamatória de repetição. O trato intestinal tem 4 partes principais: o esôfago, o estômago, intestino fino, cólon e o reto. Os dois principais locais da doença de Crohn são o íleo (que corresponde à última porção do intestino fino), e no cólon (intestino grosso). A condição começa como um pequeno, microscópico ninho de inflamação no revestimento intestinal que persiste e pode progredir para uma úlcera e a parede do intestino tornar-se espessa. Eventualmente, o intestino pode tornar-se estreitado ou obstruído e a cirurgia pode ser necessária.

QUAIS SÃO AS CAUSAS DA DOENÇA
Há evidências genéticas que a doença de Crohn freqüentemente se apresenta em grupos familiares. Acrescentando, há evidências que uma bactéria anormal cresce na porção inferior do intestino, e desta maneira age promovendo inflamação. O sistema imune do organismo produz anticorpos que protegem contra diferentes tipos de infecção, mas por causas desconhecidas, este mesmo anticorpo age contra o intestino. Ainda há um numero desconhecido de causas da doença. Felizmente a maioria das causas são conhecidas e especialmente seus tratamentos. Em negros o risco é diminuído, que indica o elo genético desta doença.

SINTOMAS
Os sintomas dependem do local do trato digestivo onde a doença aparece. Quando o íleo é envolvido, a dor mais freqüente é na parte inferior direita do abdômen. Algumas vezes, simula uma apendicite aguda. Quando o cólon é o local, diarréia (algumas vezes com sangue), pode ocorrer, com febre e perda de peso. A doença de Crohn pode afetar a área anal, formando uma complicação chamada fístula. Quando a doença está em atividade, indisposição e letargia aparecem. Em crianças e adolescentes há dificuldade de ganho ou manutenção de peso.

DIAGNÓSTICO
Não há qualquer exame diagnóstico conclusivo para doença de Crohn. A queixa do paciente e o exame do médico sempre ajudam. Certos tipos de exame de sangue e fezes são úteis para se chegar ao diagnóstico. Os raios-X do intestino delgado e cólon usualmente são solicitados. A colonoscopia (endoscopia do intestino) é freqüentemente a melhor maneira de diagnosticar o problema, quando a doença está no cólon.

COMPORTAMENTO DA DOENÇA E COMPLICAÇÕES
A desordem geralmente permanece silenciosa e facilmente controlada por longos períodos. Na maioria das pessoas com a doença continuam com o propósito de conseguir seus objetivos na vida, na escola, no casamento, na família e no trabalho com poucas limitações ou inconveniências. Alguns problemas, fora do intestino podem ocorrer. Artrites, olhos e problemas na pele (em raras circunstâncias), doença crônica no fígado. Como citado anteriormente, a doença pode ocorrer na região anal. Estas são a fissura (freqüentemente dolorosa) e a fístula. Quando a inflamação persiste no íleo ou cólon, um estreitamento e uma obstrução parcial pode ocorrer. Nesta situação, a cirurgia é requerida para tratar deste problema. Quando a doença de Crohn está presente por muitos anos há um aumento do risco de câncer.

TRATAMENTO
O tratamento da doença pode ser com medicamentos ou cirúrgico. É particularmente importante manter-se saudável através de uma nutrição balanceada e exercícios adequados. Os seguintes medicamentos são utilizados:
A- Corticóide: é uma droga poderosa que proporciona um efeito eficaz. Inicialmente, é utilizada uma dosagem alta para controlar a doença quando os sintomas são severos. Após o controle dos sintomas, a droga é gradativamente diminuída e há manutenção com baixa dosagem. Há possibilidade de parar totalmente a utilização da droga. Este medicamento é administrado por comprimidos ou enema. O nome genérico é predinisona.

B- Drogas antiinflamatórias: Sulfasalazina (azulfidine) pertence ao grupo 5 - aminosalicilados. Estas drogas são úteis quando a pessoa está sem sintomas, uma vez que mantém a doença sob controle. Eles são mais eficazes quando a doença está presente no cólon. São disponíveis em preparações orais e enema.

C- Supressores do sistema imunológico: Estas medicações suprime o sistema imunológico, que parece ser um fator agravante, importante para a doença. O nome dos dois medicamentos mais usado são azatioprina e 6mp. Estas drogas são utilizadas por longo tempo. Há outras drogas mais potentes que podem ser usadas em casos mais difíceis.

D- Antibióticos: desde que há freqüentemente infecção bacteriana associada, os antibióticos são freqüentemente usados para o tratamento deste problema. Dois medicamentos são comumente utilizados: ciprofloxacina e metronidazol.

DIETA E EMOÇÕES
Não há alimentos conhecidos que agridem o intestino. Entretanto, durante a fase aguda da doença muita fibra, leite e derivados podem aumentar a diarréia e a cólica. O paciente é aconselhado a comer uma dieta balanceada com adequada proteína e caloria. O seu médico pode lhe recomendar suplementos multivitamínicos e ferro. Stress, ansiedade e emoções extremas pode agravar os sintomas mas não causar ou piorar a doença.

CIRURGIA
A cirurgia é comumente necessária durante o curso da doença de Crohn. Pode envolver a remoção de uma porção do intestino, ou simples drenagem de um abscesso ou fístula. O princípio que guia o tratamento é para realizar o mínimo possível de cirurgia. A cirurgia não cura a doença de Crohn.

RESUMO
Muitas pessoas com doença de Crohn vivem com poucas restrições. Embora não é conhecida a causa da desordem, pode ser controlada com tratamentos atuais. Em exceções o curso da doença pode ser mais difícil e complicado, necessitando de vários exames e múltiplas terapias. A cirurgia algumas vezes é necessária. Em todos os casos o acompanhamento médico é essencial para tratar a doença e prevenir as complicações que podem aparecer.





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Doença de Crohn - Dr. Drauzio Varela entrevista Dr. Aytan Sipahi


Dr. Aytan Sipahi é médico gastroenterologista , chefe do Grupo de Intestino do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

Doença de Crohn

Durante milhões de anos, nosso sistema imunológico de defesa foi preparado pela evolução para atacar todos os agentes estranhos que penetrem em nosso organismo e para proteger o que é próprio de cada um de nós.
Certas alterações nesse sistema provocam mudanças nessa regulação de tal forma que as células imunológicas se confundem e passam a agredir os tecidos que deveriam proteger.
É mais ou menos isso que acontece com a doença de Crohn, descrita pelo médico Burril B Crohn, em 1932. Células imunologicamente ativas acabam agredindo o aparelho digestivo, da boca até o ânus, em especial a parte inferior do intestino delgado (íleo) e o intestino grosso (cólon) provocando lesões importantes das quais as mais freqüentes são aumento da velocidade do trânsito intestinal, diarréia, esfoliação, dificuldade para absorver os nutrientes e enfraquecimento.

Características da doença

Drauzio – O que caracteriza a doença de Crohn

Aytan Sipahi – A doença de Crohn compromete todo o trato digestivo, da boca ao ânus. Advém de um processo inflamatório extremamente invasivo que acomete todas as camadas da parede intestinal: mucosa, submucosa, muscular e serosa.
A doença de Crohn é provocada por desregulação do sistema imunológico, ou seja, do sistema de defesa do organismo. No organismo normal, células que fazem parte desse sistema, os linfócitos, assumem certo estado de vigilância e controlam o processo inflamatório. Na doença de Crohn, em virtude do comprometimento dessa função celular, que implica mediadores inflamatórios e imunidade adquirida, o processo inflamatório passa a ser intenso, provocando lesões no aparelho digestivo.

Drauzio – Esse sistema imunológico extremamente alterado vai agredir o próprio organismo.

Aytan Sipahi – É o oposto do que acontece com o HIV. Paciente com HIV tem CD-4 baixo (linfócitos que coordenam a resposta imunológica). Na doença de Crohn, CD-4 está estimulado. Atualmente se imagina que, por predisposição genética, quando o organismo entra em contato com substâncias estranhas, ou antígenos, que podem existir numa bactéria da flora normal do intestino humano, esse sistema imunológico seja muito estimulado.

Drauzio – Quando tem contato com uma bactéria que entra pelo aparelho digestivo, a pessoa normal destrói a bactéria e, pronto, está acabada a resposta imunológica. Na doença de Crohn, haveria uma resposta exagerada que agridiria não só a bactéria, mas o aparelho digestivo?

Aytas Sipahi - Na pessoa normal, a membrana da bactéria estimula uma resposta inflamatória de defesa e, posteriormente, um processo de tolerância. O organismo acaba não reconhecendo a bactéria como corpo estranho e se acostuma a conviver com ela.
Na doença de Crohn, não existe esse processo de tolerância. O organismo desencadeia a desregulação do sistema imunológico que leva à agressão das paredes do trato digestivo. É interessante notar que pacientes infectados pelo HIV melhoram do Crohn, portanto, quando estão com a resposta imunológica debilitada. Isso prova que a doença de Crohn ocorre mesmo por desregulação do sistema imunológico.

Fatores de risco

Drauzio – Você disse que há fatores genéticos envolvidos na doença de Crohn. Há famílias com mais casos da doença?

Aytan Sipahi – A probabilidade de uma pessoa que têm um parente com Crohn apresentar a doença é de 10% e aumenta um pouco se o parentesco for pelo lado materno. Nos gêmeos homozigotos, por exemplo, se um deles apresentar a doença, em quase 85% dos casos, o outro também terá Crohn.
Já se contatou que uma alteração no gene Nod-2 Card 15 do cromossomo 16 determina a produção de uma proteína que, nos monócitos (células de defesa), produz hiper-sensibilidade de resposta às bactérias do próprio trato digestivo. Está provado também que nem todos os pacientes com doença de Crohn apresentam essas mutações gênicas. Por isso, a discussão hoje é saber se existe uma ou várias doenças de Crohn, uma vez que as alterações dos genes que determinam a resposta inflamatória são extremamente complexas.

Drauzio – Quais os outros fatores de risco para a doença de Crohn?

Aytan Sipahi - Sabe-se que nos países nórdicos, norte da Itália, Canadá, Estados Unidos e nos judeus que foram para Israel, a incidência de Crohn é mais elevada. Isso faz supor que, além da predisposição genética, certas etnias e condições ambientais sejam também fatores de risco.

Drauzio – Apesar de fatores genéticos guardarem relação com a doença e a suspeita recair especificamente sobre determinados genes, sozinhos eles não explicam sua ocorrência. Quais são os fatores ambientais que também exercem influência?

Aytan Sipahi – Crohn é uma doença dos grandes centros urbanos também relacionada com o uso de xenobióticos, tais como conservantes, corantes para alimentos, pesticidas, etc. Nas pessoas com predisposição genética, essas substâncias que no Brasil são adicionadas à comida em grande quantidade porque não existe vigilância sanitária capaz de deter os abusos, podem estimular o sistema imunológico e provocar a eclosão da doença. Fala-se, ainda, que o uso de estrógeno estaria entre os fatores desencadeantes, mas isso ainda não foi cientificamente comprovado. Não se discute, porém, que a incidência de Crohn é mais alta nos fumantes do que nos não-fumantes.
Embora não comprovados, há outros dois fatores interessantes a mencionar. O primeiro é a “teoria do sujinho”. Em Londres, quando melhoraram as condições de higiene graças à construção de banheiros e à maior oferta de água para banho, as crianças deixaram de entrar em contato com os antígenos na infância e não desenvolveram sistema de tolerância eficiente nessa fase, o que justificaria a maior incidência de doença de Crohn. O outro foi observado na Alemanha. A incidência da doença aumenta entre as pessoas que trabalham em ambientes fechados, como os cabeleireiros, por exemplo. A hipótese é que, nesse caso, a menor exposição aos antígenos retarda o desenvolvimento do processo de tolerância e a pessoa fica mais suscetível à enfermidade.

Drauzio – A doença é mais comum em homens ou em mulheres?

Aytan Sipahi – A doença afeta praticamente número igual de homens e mulheres. Talvez, um pouco mais de mulheres do que de homens.

Sintomas

Drauzio – Quais são os principais sintomas da doença de Crohn?

Aytan Sipahi – Os principais sintomas são diarréia, às vezes, sinais de muco ou sangue, dor abdominal, febre, emagrecimento. No exame clínico, aparece massa palpável na fossa ilíaca do quadrante inferior direito do abdômen, porque a doença compromete mais o íleo terminal (85% dos casos) e o cólon.
Os pacientes podem apresentar também manifestações à distância, como dores articulares, aftas, lesões de pele do tipo pioderma gangrenoso (ferida com a aparência de um vulcão) e eritema nodoso (doença que provoca ligeira lesão vermelha na sub-epiderme) e uma inflamação dos olhos chamada uveíte.
Outra complicação são as fístulas, perfurações no intestino que podem drenar para a região perineal, para a vagina e para a bexiga urinária. Às vezes, podem ocorrer pneumatúria (gases na bexiga) e presença de fezes na urina. Na verdade, 30% dos pacientes com doença de Crohn formam fístulas.

Prevalência da doença

Drauzio – O número de casos de doença de Crohn é maior no momento porque aumentou a eficácia do diagnóstico ou porque a população está mesmo ficando mais doente?

Aytan Sipahi – Essa é uma resposta que ainda não temos. Se considerarmos serviços como o da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte (MG), Juiz de Fora (MG), Ribeirão Preto (SP), centros de referência como o Hospital das Clínicas que atende pessoas do Brasil todo, veremos que vem aumentando o número de pacientes em atendimento ambulatorial. Em Ribeirão, foi feito um trabalho com os pacientes admitidos no hospital-escola que demonstrou ter havido aumento de casos de doença inflamatória.
Pergunta-se, então, qual é a prevalência da doença de Crohn? Na Europa e nos Estados Unidos, de 10 a 40 em cada 100.000 habitantes desenvolvem a doença. Na Austrália e na América do Sul esse número é menor. A América do Sul, aliás, é conhecida por existirem poucos casos, mas ainda não temos dados que fundamentem essa suposição. Como é uma doença que, na maior parte das vezes, exige internação em hospital, a casuística hospitalar ajuda a calcular a freqüência.

Drauzio – Qual é a situação do Brasil em relação à doença de Crohn?

Aytan Sipahi - Antigamente, a incidência da doença de Crohn era menor nos países da América do Sul. Hoje, pelo menos no Brasil, é uma enfermidade mais freqüente. Não podemos dizer, porém, que tenha aumentado o número de casos, pois só agora foi criado um protocolo nacional em que serão inseridos os dados de todos os grupos que estudam essa doença no país e as informações dos serviços especializados. Só assim será possível determinar a real prevalência da doença de Crohn em nosso país.

Grupo etário vulnerável

Drauzio – Em que idade a doença costuma instalar-se?

Aytan Sipahi – A doença se instala normalmente entre os 20 e os 40 anos, mas pode ocorrer também entre os 50 e os 80 anos. No Hospital das Clínicas, a idade média dos pacientes é 25 anos. Por isso, Crohn é considerada uma doença bimodal, ou seja, com dois picos de incidência. Já foi também descrito aumento de casos em adolescentes e em crianças de quatro ou cinco anos.
Não há dúvida de que a freqüência da doença de Crohn está aumentando e os casos ficando mais graves. Nos Estados Unidos é um problema de saúde pública. Quase 600.000 pessoas são portadoras da doença. Embora de baixa mortalidade (os serviços de óbito dificilmente a registram como causa mortis), é de alta morbidade. Os pacientes necessitam de internação hospitalar e de tratamentos sofisticados. Hoje, existem drogas caríssimas que interferem no processo inflamatório.

Diagnóstico

Drauzio – Como é feito o diagnóstico da doença de Crohn?

Aytan Sipahi – Como a doença de Crohn pode comprometer todo o aparelho digestivo, é preciso localizar as partes acometidas pela doença. Para examinar esôfago e estômago - apenas 2% ou 3% dos casos ocorrem nessa região - podemos contar com a endoscopia digestiva alta. Já a colonoscopia permite ver o cólon e o limite entre o ceco e o íleo, parte terminal do intestino delgado onde ocorrem 80% das lesões (ulcerações serpiginosas que caminham lineares ou aftóides que têm um halo ao redor). Depois, lançamos mão de outro exame de imagem: raios X do trânsito intestinal. A pessoa toma contraste baritado e seu trajeto pelo intestino vai sendo acompanhado para localizar possíveis lesões. Por fim, podemos recorrer à tomografia, um método mais caro, mas que dá informações não só sobre o interior da alça intestinal, mas também sobre a parede, se está espessada, com gânglios ou alterações da gordura ao redor das alças intestinais.
Em última instância, quando o exame de raios X não localiza lesões, podemos recorrer a uma sofisticada cápsula endoscópica que bate 5.000 fotografias. A pessoa ingere a cápsula, que vai fotografando por onde passa. Depois é feito um software para estudo detalhado. Esse método facilita o diagnóstico de lesões típicas da doença de Crohn, como a angiodisplasia, ou seja, a alteração dos vasos sangüíneos na parede interna do tubo digestivo.
Alguns exames de sangue também são fundamentais para determinar anemia por deficiência de ferro, proteínas da fase reativa ligadas ao processo inflamatório e se há albumina suficiente para evitar a desnutrição.
Se todos esses exames não bastarem para esclarecer o diagnóstico e houver séria suspeita de que o paciente tem doença de Crohn, pode-se realizar uma intervenção cirúrgica para olhar diretamente a região afetada.

Drauzio – A desnutrição é provocada basicamente pela diarréia...

Aytan Sipahi – Pela diarréia e porque a doença interfere em todo o processo de absorção dos alimentos. Podem ocorrer comprometimentos em várias áreas do organismo como o pâncreas, no processo linfático de absorção da gordura, nos enterócitos que absorvem os alimentos, nos sais biliares que facilitam a emulsificação das gorduras. Além disso, o crescimento bacteriano anômalo pode provocar estenoses (diminuição do diâmetro) do intestino delgado, dificultando a passagem dos alimentos.
Do diagnóstico preciso depende a terapêutica e o tratamento da doença.

Tratamento

Drauzio – Feito o diagnóstico, como se orienta o tratamento?

Aytan Sipahi – O tratamento pode ser feito em etapas. Existe um sistema de mensuração da atividade da doença baseado no número de evacuações, dor abdominal, indisposição geral, ocorrência de fístulas e de manifestações patológicas à distância, que permite classificar a doença em leve, moderada ou grave. Se a doença é leve, o clínico apenas acompanha a evolução do paciente.
Toda a terapêutica, porém, se volta para reprimir o processo inflamatório desregulado. Com o objetivo de debelá-lo, são primeiro introduzidas as drogas mais comuns: mesalasina, sulfassalazina e dois antibióticos, ciprofloxacina e metrinidazol. Nas fases agudas, indica-se corticóide por via oral ou um corticóide novo, a budezonida, que não tem efeitos colaterais e sistêmicos indesejáveis. Essa substância está contida numa cápsula que, sob certas condições do trato digestivo, se abre e a droga age apenas no local onde foi liberada.
Se o paciente não responder a esse tratamento, existem drogas imunossupressoras, usadas para evitar a rejeição nos transplantes, como a azatioprina ou a mercaptopurina.

Drauzio – Qual é a via de administração dessas drogas e quanto tempo dura o tratamento?

Aytan Sipahi – São drogas administradas por via oral e precisam de controle. O tratamento pode ser feito por 4 ou 5 anos. Apesar de haver casos em que ele foi mantido até por 10 anos, a literatura registra algumas evidências de que não funciona depois de 4 anos. No entanto, nos congressos internacionais, pesquisadores afirmam que nunca suspendem o uso dessas drogas.

Drauzio – A pessoa consegue levar vida normal tomando essas drogas?

Aytan Sipahi – A maioria dos doentes, quando entra em remissão, leva vida praticamente normal. Casos mais graves podem acarretar dificuldades no exercício profissional e na freqüência ao trabalho.
Um interrogatório que se faz para orientar o tratamento ajuda a avaliar a qualidade de vida. Às vezes, os índices estão alterados, mas a qualidade de vida é tão boa que sugere o controle do paciente sobre a doença.

Drauzio – Existe alguma outra opção de tratamento?

Aytan Sipahi – Existe a terapia biológica que conta com a droga chamada anticorpo anti-TNF (fator de necrose tumoral). Quando há um processo inflamatório na mucosa ou em qualquer outra parte do corpo, linfócitos, monócitos e macrófagos do trato digestivo produzem TNF e, como conseqüência, o processo inflamatório aumenta. Se introduzirmos um anticorpo contra o TNF, haverá bloqueio e interrupção desse processo. Às vezes, porém, podem surgir efeitos colaterais e resistência ao anticorpo.
Essa droga está à venda no mercado, mas seu preço é alto. No entanto, o estado brasileiro está arcando com a despesa porque o medicamento tem a vantagem de evitar a internação hospitalar o que elevaria muito os custos. Pacientes graves podem ser submetidos à cirurgia porque apresentam complicações como estenose ou perfuração com peritonite, quadro agudo de abdômen.

Estilo de vida

Drauzio – Que estilo de vida deve adotar o paciente com doença de Crohn?

Aytan Spahi – Na fase aguda, quando está recebendo medicamentos, o paciente precisa controlar a dieta. Na fase de remissão, deve restringir apenas a ingestão dos alimentos que lhe fazem mal.

Drauzio – A dieta tem que conter mais fibra?

Aytan Sipahi – Nem sempre. Alguns pacientes, por exemplo, desenvolvem intolerância à fibra e devem evitar sua ingestão. Paciente de Crohn pode fazer exercícios físicos moderados e levar vida saudável, mas precisa saber que tem uma doença crônica e está tratando os sintomas.

Drauzio – O estresse influi sobre o aparecimento da doença de Crohn?

Aytan Sipahi – O estresse interfere, mas não é causa, embora exerça ação sobre o hipotálamo e possa desencadear o processo. Antigamente, tudo era considerado psicossomático. Hoje, sabemos que isso não é verdade.

Drauzio – Você acha que os médicos estão preparados para identificar os casos de Crohn?

Aytan Sipahi – No Brasil, é preciso conhecer a real prevalência da doença de Crohn. Os próprios médicos sabem pouco a respeito dessa doença, mas os laboratórios farmacêuticos estão interessados no levantamento desses dados.
O grupo do qual participo tomou para si o encargo de promover cursos de divulgação científica e atualização dos médicos para que tenham condições de tratar desses doentes com eficiência.
Os Estados Unidos estão investindo grandes somas na pesquisa referente à doença de Crohn. Muitas perguntas ainda não encontraram resposta. Como questionou o especialista Cláudio Ficchi aqui no Brasil, será que devemos usar todo o arsenal terapêutico de uma vez? Por que os doentes que se tornam crônicos deixam de responder a alguns medicamentos? Que mudanças ocorrem na fisiologia da doença, em seu mecanismo interno que induzem essa falta de resposta?
Crohn é uma doença que exige visão geral de toda a clínica médica porque provoca alteração em muitos órgãos. Para melhorar o paciente com doença de Crohn, é preciso investir muito em biologia molecular e em engenharia genética.

Fonte: http://drauziovarella.ig.com.br/entrevistas/dcrohn8.asp