A Doença de Parkinson

A Doença de Parkinson (DP), também conhecida por parkinsonismo primário ou paralisia agitante, é uma afecção crônica, progressiva e idiopática do sistema nervoso central, envolvendo os gânglios da base e resultando em perturbações no tônus, posturas anormais e movimentos involuntários.
Classificação

A Doença de Parkinson é classificada por O´Sullivan (1998) como:

a) Parkinsonismo idiopático: este grupo inclui a Doença de Parkinson verdadeira, ou paralisia agitante, sendo a forma mais freqüente entre as pessoas de meia-idade ou idosas;

b) Parkinsonismo pós-infeccioso (parkinsonismo pós-encefálico): este tipo de parkinsonismo , segundo se teoriza, é causado por encefalite viral, sendo atualmente pouco freqüente;

c) Parkinsonismo tóxico: sintomas parkinsonianos ocorrem em indivíduos expostos a alguns venenos industriais, agentes químicos, e algumas drogas;

d) Parkinsonismo arteriosclerótico (parkinsonismo vascular): o envolvimento arteriosclerótico e o infarto do tronco cerebral envolvendo a substância negra, os tratos nigroestriais, ou gânglios de base, também podem gerar sintomas de parkinsonismo;

e) Parkinsonismo atípico: este representa um grupo de várias patologias, onde é muito comum haver uma síndrome parkinsoniana associada a outras anormalidades neurológicas.
Quadro Clínico
O quadro clínico da Doença de Parkinson é constituído, principalmente, pela tríade: tremor, rigidez e bradicinesia.
Tremor: é um dos primeiros sintomas reconhecidos e, em geral, o que leva o paciente a procurar o médico. Aparecendo com maior freqüência quando o paciente se encontra em repouso ou sob estresse emocional, sendo geralmente diminuído durante a atividade física e desaparecendo durante o sono.
Rigidez Muscular: Esta rigidez confere ao paciente uma postura característica: cabeça em ligeira flexão, tronco ligeiramente flexão, flexão moderada da perna sobre a coxa e do antebraço sobre o braço, com exagero da pinça digital das mãos.
Bradicinesia: o parkinsoniano apresenta uma dificuldade de iniciar o movimento, além da lentidão e pobreza na realização dos mesmos.
Além destes, outros problemas podem vir associados, são estes: alterações posturais, alterações na marcha (marcha festinada), perda dos reflexos de ajuste postural, diminuição ou ausência dos movimentos automáticos ou inconscientes (face em máscara), disfunção do sistema nervoso autônomo e alterações mentais.
Complicações Diversas complicações secundárias podem se associar ao quadro existente, até mesmo porque a maior parte dos parkinsonianos são idosos.
Alterações nutricionais: os parkinsonianos costumam perder peso devido a fatores como o aumento do gasto energético decorrente da movimentação patológica intensa;
Alterações respiratórias: provenientes da diminuição da expansibilidade torácica pela rigidez dos intercostais e das posições deflexão e flexo-adução do tronco e dos membros superiores respectivamente, além de uma discreta redução da capacidade vital.
Alterações circulatórias: devido a imobilidade pode surgir, principalmente, edemas de extremidades.
Osteoporose: em geral, conseqüente a inatividade, idade típica e dieta deficiente.

Contraturas e deformidades: ocorrem com freqüência e de maneira típica nos flexores, adutores e pronadores e rotadores externos, levando ao encurtamento muscular e a deformidade de tecidos moles.

Úlceras de decúbito: nos casos avançados, a inatividade prolongada e o repouso no leito podem levar ao desenvolvimento desta complicação.
Fisiopatologia

Segundo Stokes (2000), os sinais e sintomas do parkinsonismo é conseqüência de uma perturbação da função de duas regiões dos núcleos da base: a substância negra e o corpo estriado (núcleo caudado e putâmem). Uma vez que no processo normal há uma perda de cerca de 50% dos neurônios da substância negra, por volta dos 60 anos, e os sintomas da patologia começam a surgir quando ocorre a redução de 70% destes neurônios.
TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO
Exercícios de amplitude de movimento Tanto exercícios ativos quanto passivos de amplitude de movimento devem ser realizados várias vezes ao dia. Os exercícios ativos devem estar focalizados no fortalecimento dos músculos extensores alongados e fracos do paciente, ao mesmo tempo, que, no alongamento dos músculos flexores retraídos e encurtados.
relaxamento da facilitação neuromuscular proprioceptiva (PNF), que combina a inibição dos mo A resistência ao alongamento em pacientes com parkinsonismo é constante e está presente em todas as velocidades de alongamento, ao contrário da espasticidade, em que a resistência depende da velocidade. vimentos ativos com a rotação de membro.(O´SULLIVAN e SHIMITZ, 1993).
Exercícios de mobilidade Um programa de exercícios para o paciente com parkinsonismo deve basear-se nos padrões de movimentos funcionais que envolvam prontamente diversos segmentos corporais. Devem ser enfatizados os movimentos extensores, abdutores e rotatórios.
O uso de estimulação verbal, auditiva e táctil propicia reforço sensitivo e ajuda a aumentar a percepção dos movimentos por parte do paciente.
Nos membros superiores, são úteis os padrões de flexão simétrica bilateral do tipo D2 (flexão, abdução, rotação externa dos ombros) na promoção da extensão da parte superior do tronco, e na contraposição da cifose. Nos membros inferiores, deve ser enfatizada a extensão dos quadris e joelhos, idealmente num padrão de extensão do tipo D1 (extensão, abdução, rotação interna dos quadris) para contrabalancear a típica postura flexionada e em adução.
Também são úteis as atividades de desenvolvimento em colchonete que enfatizam o estágio de mobilidade do controle motor, movimentos rotacionais, e músculos extensores antigravidade.
O rolamento ativo pode ser facilitado pelo uso de uma iniciação rítmica e de rotação segmentar (parte superior ou inferior do tronco), em decúbito lateral.
facilitação do movimento dos músculos faciais, hióides e linguais é outra importante meta, visto que o paciente pode ter uma limitada interação social e poucas habilidades de ingestão de alimentos, em presença de marcante rigidez e bradicinesia.
No NDT, são enfatizadas as reações de endireitamento e de equilíbrio e extensoras de proteção, através do uso de padrões automáticos de movimentos.
Exercícios respiratórios Os exercícios respiratórios auxiliam o relaxamento e trabalham de forma eficaz na expansão torácica, aumentando a capacidade vital do paciente, prevenindo assim as limitações músculo-esqueléticas, que podem contribuir para a alta incidência de complicações pulmonares, por ventilação inadequada.
Treino de marcha O treinamento da marcha busca suplantar as seguintes deficiências primárias: uma deambulação festinada e arrastada, maus alinhamento postural, e reflexos posturais defeituosos. Os pacientes são treinados para caminhar com postura apropriada, olhar para a frente, alargar a base da marcha (isto é, pés separados 25 a 30 cm), usar um padrão de marcha com passos altos (como se andando sobre caixa) e dar passadas longas.
Exercícios em grupo Os pacientes com doença de Parkinson podem, de fato, beneficiar-se da terapia em grupo mas geralmente relutam em participar, pois não querem estar com pessoas mais debilitadas, que são amostra daquilo que os espera.
A relação entre a equipe e os pacientes deve ser mantida baixa (idealmente 1:8 ou 1:10), e outros participantes extras da equipe deverão ser acrescentados, se os pacientes estão incapacitados de trabalhar por si sós.
clinicamente, uma cadeira de balanço ou cadeira giratória pode propiciar uma ajuda efetiva na redução do tônus e na melhora da mobilidade.
A posição da cabeça invertida pode produzir um relaxamento generalizado através da ativação do reflexo sinusal carotídeo e depressão dos centros medulares.
Finalmente, a ioga é uma técnica efetiva de relaxamento para muitos pacientes, e pode ser particularmente eficaz nestes casos, devido a sua ênfase na combinação do relaxamento com as respirações profundas e alongamentos lentos e regulares.
Hidroterapia: Por meio do alongamento, esses caminhos são trazidos para mais perto da superfície do corpo, permitindo que a energia seja liberada.
Como recebedores totalmente passivos, os pacientes experimentam um relaxamento profundo com a sustentação da água e o movimento rítmico contínuo que flui graciosamente de uma posição para a seguinte. Em geral, o terapeuta estabiliza ou move um segmento do corpo enquanto o movimento através da água resulta em um efeito de arrasto, alongando, assim, outro segmento.
O Método dos Anéis de Bad Ragaz (MABR) baseia-se em padrões específicos de movimento para aumentar a força e a amplitude de movimentos de braços, pernas e tronco em padrões unilaterais ou bilaterais. Por outro lado, o MABR, usualmente permite ao paciente determinar a quantidade de resistência baseando-se na sua velocidade específica de movimento.
De acordo com esse princípio, os terapeutas usam atividades para facilitar padrões de movimento variando o nível de dificuldade da atividade e a quantidade de orientação manual aplicada. A medida que o paciente torna-se mais hábil, o terapeuta reduz a quantidade de assistência fornecida (desprendimento) e aumenta o nível de dificuldade do exercício.
Orientação do paciente e da família O elemento fundamental na orientação do paciente e da família consiste em assegurar que estas pessoas compreendam que devem ser evitados períodos prolongados de inatividade. Uma vez na posição de pé, por vezes a progressão para a frente será iniciada fazendo-se com que o paciente promova a dorsiflexão dos dedos dos pés, transferindo o peso para a frente, ou para o lado; O paciente pode aprender a usar estas técnicas deflagradoras para dar início ao movimento.