tratamento de infarto

Tratamento Fisioterápico

A fisioterapia é importante na prevenção de complicações pulmonares e nas alterações mecânicas e funcionais do sistema respiratório, de pacientes cirúrgicos e clínicos. A fisioterapia na UTI também constitui um recurso terapêutico eficiente para tratamento e manejo dos pacientes submetidos à ventilação mecânica. Com isso, pretende-se reduzir o tempo de estadia nas UTI’s e internação hospitalar, evitar as complicações provenientes da restrição prolongada no leito, prevenir e tratar as complicações respiratórias e motoras em pós operatórios, dar apoio emocional, promover uma readaptação do paciente frente às incapacitações apresentadas a sua nova vida e proporcionar ao paciente o restabelecimento da saúde nas melhores condições possíveis para alta hospitalar.

Quais são os objetivos do tratamento

- Promover higiene brônquica, expansão e reexpansão pulmonar para melhora da função respiratória;

- Evitar atrofia muscular e manter e/ou restaurar amplitude articular;

- Prevenir trombose venosa profunda, embolia pulmonar, pneumonias e hipotensão postural;

- Diminuir a ansiedade do paciente;

- Aliviar a dor;

- Educar o paciente quanto a sua doença e eventuais mudanças de hábito;

- Restaurar autonomia para atividades de vida diária (AVDs) e preparar para deambulação.

O atendimento ao enfartado na UTI objetiva:

Alívio da angústia inicial através do trabalho sobre as fantasias mórbidas;

Abordagem psicoterápica de possíveis síndromes psicológicas (exemplo: depressão);

Colocação do paciente frente ao seu estado real, limitações e possibilidades;

Orientação e apoio nas fases em que o paciente atravessará até a sua alta da UTI. Esse tipo de orientação visa colocá-lo como participante de seu processo de tratamento e a minimizar o impacto da dependência e impotência que ele experimenta.


Um tratamento fisioterápico, baseado em manobras de higiene brônquica, reexpansão pulmonar e mobilização precoce, mostra-se efetivo, no tratamento das alterações encontradas e também na prevenção das complicações (IRWIN, TECKLIN, 2003; REGENGA, 2000).

Promover a higiene pulmonar é o principal alvo no tratamento dos pacientes pós-cirúrgicos, portanto, utilizaram-se na paciente acompanhada neste estudo manobras de vibrocompressão, huffing e tosse assistida. A vibrocompressão caracteriza-se por movimentos rítmicos e rápidos com certa pressão no tórax do paciente com o objetivo de deslocar as secreções pulmonares; esta técnica foi escolhida por ser menos traumática e melhor tolerada que a percussão, já que a paciente foi submetida à esternotomia mediana (COSTA, 2004).

O huffing, uma expiração forçada com a glote aberta, foi usado para deslocar secreções de vias aéreas mais periféricas. Uma vez que as secreções pulmonares foram deslocadas para uma via de maior calibre, a tosse deve ser utilizada para aumentar e acelerar o fluxo aéreo, e através de um fluxo turbulento eliminar as secreções da árvore brônquica. O apoio sobre a incisão cirúrgica esternal pode ser realizado utilizando um travesseiro para ajudar no huffing ou na tosse (COSTA, 2004; PRYOR, WEBBER, 2002).

O diafragma é o músculo mais importante da inspiração, por isso um dos focos do tratamento deve ser o estímulo da respiração diafragmática, levando a um aumento do diâmetro longitudinal e uma melhor ventilação pulmonar com menor esforço muscular. Esta manobra consiste de uma estimulação manual, onde o fisioterapeuta exerce resistência contra o movimento inspiratório até antes do terço final da inspiração (COSTA, 2004).

O alongamento muscular traz como benefícios, o aumento do relaxamento muscular e melhora da circulação sanguínea, liberação da rigidez, eliminação de incômodos causados pelos nódulos musculares, aumento ou manutenção da flexibilidade. A mobilização articular refere-se às técnicas usadas para tratar disfunções articulares como rigidez, dor e hipomobilidade articular reversível. Foram utilizados alongamento muscular e mobilização passiva e ativa de cintura escapular, a fim de reduzir queixa álgica na região interescapular, corrigir a postura antálgica, reduzir tensões musculares pelo uso intenso dos músculos acessórios da inspiração. (ACHOUR, 2002; KISNER, COLBY, 1998; PRENTICE, VOIGHT, 2003).

O derrame pleural é uma complicação freqüente no período pós-operatório de cirurgia cardíaca, nesse caso a hipomobilização diafragmática reduz a atividade linfática, desequilibra o balanço entre transudação e a reabsorção, favorecendo o acúmulo de líquido na pleura. As manobras de expansão pulmonar promovem uma maior contração dos músculos intercostais e do diafragma, produzindo um maior esforço inspiratório (REGENGA, 2000). sculos intercostais e do diafragma, produzindo um maior esforço inspiratrceiro atendimento apresentava murmulta p

As técnicas usadas para reexpansão pulmonar foram os padrões ventilatórios tipo inspiração fracionada (três tempos), soluços inspiratórios, inspiração máxima sustentada. Todos são úteis para a recuperação da complacência global diminuída após cirurgias cardíacas, para o incremento de capacidade residual funcional e podem ser feitos associados com exercícios de membros superiores e inspirômetros de incentivo (REGENGA, 2000).

O inspirômetro de incentivo é uma técnica auxiliar aos exercícios respiratórios e fornece um feedback visual do volume de ar inspirado durante a respiração profunda. Utilizou-se com a paciente em estudo um inspirômetro a fluxo, enfatizando o trabalho diafragmático e a importância da sustentação da inspiração (PRYOR, WEBBER, 2002; REGENGA, 2000).

Foi realizada ainda, ao final das sessões, deambulação monitorada, uma forma de tratamento na qual o paciente participa de um programa de marcha enquanto supervisionado pelo fisioterapeuta. Os sinais vitais foram monitorados antes e ao final da deambulação no corredor. A distância percorrida e a velocidade da marcha foram aumentada progressivamente, sendo que o treino de escadas foi iniciado no sétimo dia pós-operatório (IRWIN, TECKLIN, 2003).

A paciente recebeu desde o primeiro atendimento orientações sobre os exercícios de incremento de fluxo circulatório para diminuir o edema de tornozelo e pé esquerdo, exercícios ativos de membros inferiores e estímulo à deambulação já que se encontrava mais restrita ao leito, exercícios de membros superiores associado a respiração diafragmática, e posicionamento no leito (KISNER, 1998; PRENTICE, VOIGHT, 2003).

Com a aplicação dessas condutas a paciente acompanhada neste estudo evoluiu com progressiva redução do edema em tornozelo e pé esquerdo, melhora da postura com diminuição da protusão de ombros, ausência de secreção brônquica a partir do segundo atendimento, ausculta pulmonar a partir do terceiro atendimento apresentava murmúrio vesicular presente bilateralmente sem ruídos adventícios, padrão ventilatório, que inicialmente era apical, passou a ser misto.

Além disso, a paciente melhorou seu desempenho nas AVD’s: alimentação, banho, veste-se sozinha, sem mais restrição ao leito; e apresentou aumento progressivo da velocidade e distância percorrida na deambulação no corredor, sendo que último atendimento já deambulava o dobro da distância inicial, e subia sem dificuldades dois lances de escadas.

Apesar da boa evolução do seu quadro cardiorrespiratório, a paciente deste estudo ainda permanece internada no Hospital Regional de São José para controle de diabetes mellitus descompensado.

Considerações finais

As doenças que envolvem as coronárias estão relacionadas à idade, dislipidemia, hipertensão arterial, obesidade, diabetes mellitus e tabagismo, estando intimamente ligadas à aterosclerose. A diminuição do fluxo sanguíneo nas coronárias leva à diversas alterações e sintomas, como a angina, e o seu tratamento envolve tanto alterações nos hábitos de vida, tratamento medicamentoso e cirúrgico.

A revascularização do miocárdio traz muitos benefícios para o paciente que apresenta coronariopatia, porém as cirurgias cardíacas estão acompanhadas de alterações e podem apresentar complicações. Torna-se, então, importante um acompanhamento cuidadoso tanto no período pré como no pós-operatório.

Um tratamento fisioterápico embasado em técnicas preventivas e curativas, que auxiliem na diminuição das complicações comuns; como edema, alteração postural e acúmulo de secreção brônquica; e auxiliem para um melhor funcionamento da musculatura respiratória; faz parte do atendimento dos pacientes submetidos a cirurgias cardíacas.

Com o uso de manobras de higiene brônquica, estimulação diafragmática proprioceptiva, exercícios ativos e alongamento, técnicas de reexpansão pulmonar, inspirometria de incentivo e deambulação monitorada, o tratamento fisioterápico mostrou-se eficaz no tratamento da paciente acompanhada neste estudo.

Embora o período de atendimento fisioterápico tenha sido curto e muitas vezes adaptado de acordo com a rotina do hospital e os demais cuidados necessários para o restabelecimento da paciente, houve progressão do quadro apresentado inicialmente, podendo-se destacar a diminuição do edema em tornozelo e pé, melhora do padrão postural e ventilatório, e da higiene brônquica.

A utilização de um teste de exercício, adaptado ao ambiente hospitalar, para avaliação das alterações cardiorrespiratórias e a tolerância ao esforço, também foi importante para a avaliação da paciente, e estimula a busca por melhores formas de avaliação no período hospitalar.

Então a intervenção fisioterapêutica neste caso mostrou-se eficiente e deve ser continuada para que a paciente alcance a funcionalidade total, sempre respeitando os limites da mesma e a evolução do tratamento.

É necessário ressaltar a importância dos exames médicos e fisioterapêuticos em pacientes portadores de doenças com maior risco para ocorrência de um infarto do miocárdio e que se predispõem a iniciar o programa preventivo. Esses exames são de fundamental importância, pois o principal objetivo do programa preventivo é a atividade física regular que estará associada a dietas específicas. Os benefícios alcançados por meio do programa preventivo incluem a diminuição e controle da gordura no sangue, triglicérides (VLDL), LDL (colesterol ruim), obesidade; taxa de glicose sanguínea, hipertensão arterial e aumento do HDL (colesterol bom).

O programa aplicado pela fisioterapeuta (desenvolvido pelo American College of Sports Medicine), tem seu inicio a partir de condutas, como: mudança dos hábitos alimentares, abolição do tabagismo e estímulo de exercícios aeróbicos de moderada intensidade, por 30 minutos, todos os dias da semana. No caso da adoção deste Programa, a supervisão deverá ser diretamente realizada pelo fisioterapeuta para o controle dos sinais e sintomas e monitorização cardíaca e respiratória, seguido de acompanhamento médico periódico durante todas as fases do Programa.

Ainda sugiro que o indivíduo, na impossibilidade de freqüentar o programa específico de prevenção do infarto agudo do miocárdio, mas liberado para atividades físicas poderá praticar as seguintes atividades diariamente: caminhar durante 30 minutos, três vezes por semana, em superfície plana; pedalar em bicicleta fixa, sem resistência, por 30 minutos três vezes por semana; andar em esteiras na velocidade suave, sem inclinação, por 30 minutos três vezes por semana.

As atividades domésticas também entram na forma de exercício aeróbico como fortes aliadas na prevenção do infarto agudo do miocárdio, desde que não sejam empregadas com força física exagerada e não apresentem nenhuma contra-indicação médica e ou fisioterapêutica para o indivíduo. Alguns exemplos que poderão ser seguidos: lavar quintal, limpar as janelas, juntar folhas do jardim, varrer ou utilizar o aspirador de pó, lavar louça com troca do apoio entre o pé direito e esquerdo (use uma lista telefônica como apoio); passar roupas (seguindo as mesmas recomendações feitas para lavar a louça) e estender roupas no varal com elevação dos braços.

Outro bom início para a prevenção do infarto agudo do miocárdio, além das descritas acima, é deixar seu carro na garagem e caminhar, sempre que possível. Todas essas dicas são recomendadas, mas não se pode esquecer de associar hábitos alimentares saudáveis.

Fisioterapia Aquática na Reabilitação do Paciente Pós-infarto Agudo do Miocárdio - Anais XI Simpósio Internacional de Fisioterapia Respiratória, 28-31 agosto 2002, São Pedro, SP
Autor: Pellegrini,M.R. e Albuquerque, I.M.de Universidade de Santa Cruz do Sul,RS

Por intermédio da fisioterapia aquática, abre-se um novo caminho no intuito de reabilitar um paciente pós-IAM. A fisioterapia aquática reabilitação do paciente pós-infarto agudo do miocárdio foi um estudo realizado no intuito de verificar os benefícios do meio líquido e suas propriedades à realização de exercícios físicos para o paciente pós-infarto agudo do miocárdio. A importância deste estudo está relacionada às alterações hemodinâmicas que ocorrem no organismo do indivíduo cardiopata, acarretando diminuição da capacidade funcional e conseqüentemente, a dificuldade de realização das atividades da vida diária. Um programa de reabilitação após o infarto agudo do miocárdio deve proporcionar qualidade de vida ao indivíduo. O motivo de realizar este trabalho de reabilitação cardíaca por intermédio da fisioterapia aquática deve-se à capacidade de o meio líquido proporcionar a facilitação dos exercícios e pelo fato de que a imersão pode alterar sinais vitais como a freqüência cardíaca e a pressão arterial, diminuindo seus valores. Após a realização da análise e comparação dos dados mensurados durante o tratamento e obtidos por meio do hemograma e dos relatos feitos pelo paciente durante o programa de reabilitação, verificou-se a estabilização dos fatores de risco (colesterol total, triglicerídeos e pressão arterial), leve melhora nos níveis de saturação de oxigênio, maior segurança e facilidade de realização das atividades da vida diária pelo paciente e maior confiança em si próprio. No entanto, os valores obtidos na mensuração da freqüência cardíaca permaneceram instáveis.